Moda com identidade do Tocantins: conheça a história de Letícia Coelho, que transformou sonho em marca de sucesso

08 junho 2025 às 13h55

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A busca por independência financeira fez com que muitas mulheres começassem a apostar no empreendedorismo como caminho para a transformação de vida. Assim como outras mulheres tocantinenses, a empreendedora Letícia Coelho, 34 anos, construiu uma história no empreendedorismo feminino no Tocantins, se destacando como uma referência no ramo da moda, ao criar a marca Letslo, que une estilo, propósito e representatividade regional.

Dados divulgados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostram que o Tocantins conta atualmente com 331 mil mulheres no mercado de trabalho, destas 62 mil (18,7%) estão liderando seus próprios negócios. Reforçando a firmeza e o vigor da presença feminina, uma média de 78% dessas empreendedoras têm entre 25 e 59 anos.

Em entrevista ao Jornal Opção Tocantins, a empresária contou que mudou-se de Anápolis (GO) para Palmas em 2009, quando começou a estudar Arquitetura e Urbanismo, pela Universidade Federal do Tocantins (UFT).
“Meu primeiro sonho era ser independente financeiramente, porque os meus pais não tinham tanta condição de me sustentar aqui e eu queria ter uma qualidade de vida. Eu sempre falava que queria ligar para o meu pai e dizer: “Pai, não precisa mais você me mandar os R$ 200,00, que era a forma como eles me ajudavam”, narra.

A empresária, que morava com uma tia que era costureira, lembra que seu primeiro contato com o empreendedorismo foi com a venda de uma necessaire para guardar suas réguas do curso. “Eu estudava arquitetura, então eu e os meus colegas carregávamos uma régua paralela de um metro. Na época, eu morava com a minha tia, costureira, a tia Delma, e ela fez para mim. Eu desenhei e ela fez essa capinha. Vendíamos a R$ 20,00 reais. Eu vendi para todo mundo do curso”, pontua.

“Eu acho que essas oportunidades são aquelas que fazem a gente agir, que fazem a gente realmente desenvolver e descobrir nossas habilidades”, afirma Letícia, ao comentar as perspectivas que criou após ingressar no mundo das vendas, comercializando roupas e bijuterias, o que lhe permitiu conquistar uma clientela feminina. “Muitas vezes empreender no ramo feminino é principalmente uma troca. A mulher quer uma atenção, um elogio, um contato. Então consegui me conectar com as pessoas através desse produto e trazer para elas não só um produto, mas um aconchego”, explica.

O Sebrae destaca que dentre as áreas de maior evidência no mercado está o ramo da Moda e Confecção. No Tocantins, um total de 8.205 empresas estão ligadas a este setor, e representa 13,1% das mulheres que decidem empreender no Tocantins. No entanto, essas mulheres ainda enfrentam desafios, como acesso ao crédito, falta de apoio e jornada dupla, por exemplo.

Mesmo em um cenário desafiador, em 2012, Letícia Coelho abriu sua primeira loja, e por meio de conexões, vendia roupas de uma marca de Goiânia. “Através dos consignados, pude reinvestir no meu próprio negócio, porque não precisei de um investimento inicial. Muita gente sonha em empreender, mas acaba se limitando pela condição financeira. Eu acredito que é possível começar pequeno – e foi assim, com um passinho de cada vez, que fui crescendo aos poucos”, detalha.
A força do empreendedorismo feminino
A analista do Sebrae, Luciana Retes, salienta que o empreendedorismo feminino traz consigo a força, riqueza de detalhes e olhar atento para inovações para o mercado. “O Sebrae tem o propósito de apoiar no fortalecimento da autoconfiança da mulher, por meio do acesso ao conhecimento, oferecendo as ferramentas necessárias para aquelas que querem empreender ou integrar o mercado de trabalho”, destaca.

Toda essa experiência com a moda, a inspirou a prosseguir no ramo e fundar sua própria marca, a LetsLo, criada e inspirada na cultura e na representatividade do Tocantins. Atualmente, com uma marca consolidada, a arquiteta, influencer e empresária, Letícia Coelho, proprietária da Letslo e referência em empreendedorismo e marketing digital, emprega mais de 30 pessoas, e está presente em diversos municípios tocantinenses.

Além disso, a empresa expandiu-se para oito estados do país, levando traços da cultura, turismo e identidade do Tocantins, sendo eles: Pará, Amapá, Bahia, Rondônia, Mato Grosso, Goiás, São Paulo e Minas Gerais. Com esse trabalho, ela leva no design das peças, nas estampas e cores, elementos da identidade do Estado traduzidos em forma de ícones, transformados em iconografia do Tocantins.

Apoio que rompe barreiras
Durante a jornada no empreendedorismo feminino, muitas foram as dificuldades enfrentadas por Letícia. No entanto, ela conta que foi com o apoio do seu esposo e do Sebrae que conseguiu romper barreiras na gestão de seu próprio negócio.
“Sou uma pessoa que defende muito o nosso estado, porque foi aqui que vivi a prosperidade. O Tocantins me acolheu, me abriu portas. Com a ajuda e a visão financeira do meu marido, consegui dar os primeiros passos. E sempre busquei o Sebrae e, por meio dessa parceria, fiz muitos cursos. Já participei de duas imersões internacionais – aqueles programas em que o empresário vai estudar fora do país”, ressalta.

Diante do sucesso do empreendedorismo feminino na marca LetsLo, o Sebrae abriu um espaço para que a empresária ministre uma imersão, compartilhando experiência, e capacite outras pessoas, principalmente mulheres, por meio do programa LetsNow. Com o objetivo de treinar empreendedores com estratégias e ferramentas que desenvolvam o crescimento dos negócios no Tocantins.

A imersão criada por Letícia tem duração de dois dias e na programação de ensino são apresentadas técnicas para posicionamento de marca, planejamento estratégico, controle financeiro, cultura da marca e estratégia de vendas. Além disso, a capacitação busca fomentar na empresária ou empresário, a mentalidade empreendedora, com visão inovadora e de mercado. O programa oferece certificado.
Poder que vem de dentro
Referência no empreendedorismo feminino do Tocantins, Letícia considera que o primeiro passo é acreditar em si, e ter segurança do que é bom em fazer.
“O meu conselho é olhar para dentro, identificar o que você faz bem e transformar os seus talentos pessoais num grande negócio. É olhar para dentro e ter coragem”. A proprietária da LetsLo frisou ainda que, diante dos sonhos, não se deve esperar por apoio para começar. “Não espere que alguém te apoie, não espere que tudo esteja perfeito, que você esteja 100% segura. Faça, que a segurança, a confiança e o apoio das pessoas vem depois que você dá o primeiro passo”, conclui.

A Letslo está localizada em Palmas, na quadra 404 sul | Foto: Guilherme Paganotto
Histórias como a de Letícia mostram que mesmo diante dos obstáculos o empreendedorismo pode ser uma ferramenta de transformação. E quando se une, sonhos, vontade de crescer, junto a iniciativas que servem de pontes e apoio para o sucesso, como o Sebrae, muitas outras mulheres podem construir e começar seus próprios negócios.