Com volta de Wanderlei, secretários retomam planos eleitorais para 2026
29 dezembro 2025 às 16h47

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A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que permitiu o retorno de Wanderlei Barbosa ao Palácio Araguaia, no início de dezembro, produziu efeitos imediatos além da agenda administrativa. No novo cenário, a avaliação é de que o calendário político de 2026 voltou a ser tratado como pauta concreta dentro do governo.
Durante os três meses de afastamento, por decisão do STJ, integrantes do primeiro escalão que eram citados como possíveis candidatos reduziram a exposição e congelaram articulações, entre eles Fábio Vaz (Educação), Atos Gomes (Juventude e Esporte), Kátia Chaves (Governadoria) e Hercy Filho (Turismo). Havia secretários com planos voltados à Assembleia Legislativa e outros mirando a Câmara dos Deputados. A indefinição sobre o comando do Executivo tornou esses movimentos arriscados.
Com a volta do governador, parte dessas conversas foi retomada. Tratativas e nomeações recentes em áreas sob comando de secretários com pretensões eleitorais são lidas como sinais de que projetos anteriores ao afastamento seguem válidos. Lideranças políticas que já vinham dialogando sobre apoio a essas candidaturas voltaram a circular com mais frequência em gabinetes.
Essas tratativas, no entanto, carregam uma variável conhecida. Pela legislação eleitoral, secretários que pretendem disputar a eleição precisam deixar os cargos até abril. O ponto sensível não é a saída, mas a sucessão interna. Não há garantia de que quem assumir as pastas manterá compromissos políticos firmados anteriormente, o que adiciona cautela às negociações em curso.
O retorno de Wanderlei também alterou o peso relativo das forças dentro da base governista. O grupo formado por Dorinha, Gomes e Gaguim passou a ter influência maior nas decisões políticas, segundo relatos recorrentes no meio político. Esse rearranjo impôs a necessidade de alinhamento prévio sobre quais nomes ligados ao governador devem entrar no jogo, como forma de evitar sobreposição de candidaturas e disputas internas em 2026.
Wanderlei já sinalizou a aliados que pretende retribuir o apoio recebido durante o período de afastamento, especialmente de deputados estaduais, federais e senadores que mantiveram sustentação política. Como o governador reafirmou que concluirá o mandato e não disputará o Senado, a expectativa no entorno do Palácio é de que ele atue diretamente na construção de palanques e no fortalecimento de aliados na próxima eleição.
Nos bastidores, o entendimento é pragmático: o afastamento interrompeu movimentos, mas não os encerrou. Com Wanderlei de volta ao cargo, as conversas que haviam sido suspensas voltaram a ocorrer — agora sob o relógio eleitoral e com mais atores querendo sentar à mesa.
