Deputado Ricardo Ayres critica tarifa dos EUA e diz que medida atinge todo o Brasil, não apenas adversários políticos

09 julho 2025 às 19h35

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O deputado federal Ricardo Ayres (Republicanos) reagiu com veemência à decisão anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de importação de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. Em publicação nas redes sociais, Ayres classificou a medida como um ataque à economia brasileira como um todo, e não apenas a um setor político específico.
“Os Estados Unidos não punem a esquerda. Punem o Brasil. Punem o agro, punem o empresariado, punem a economia inteira”, escreveu o deputado em seu perfil no X, antigo Twitter. Ele ainda criticou o alinhamento automático de parte da sociedade brasileira ao governo americano: “Enquanto alguns ainda se enrolam na bandeira americana, o ‘grande aliado’ impõe uma tarifa de 50% sobre nossos produtos e ainda manda recado atravessado”, escreveu.
A decisão de Trump, em uma de suas justificativas, foi apresentada como uma resposta às “atitudes das instituições brasileiras” em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado em instâncias judiciais e derrotado nas eleições de 2022. Embora o governo americano não tenha confirmado formalmente o caráter retaliatório da medida, o tom adotado pelo republicano em pronunciamento via carta teve interpretação como sinal de descontentamento com o sistema judiciário brasileiro.
Para Ricardo Ayres, os impactos da nova tarifa vão muito além do debate político. “Governo que vai mal tende a piorar. Perco eu, perde você, perde o país — e todo mundo que vive nele: da esquerda, da direita e até quem não gosta de política”, completou.
Em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com ministros do gabinete e com o chanceler Mauro Vieira para avaliar a resposta diplomática brasileira. Uma das medidas consideradas nos últimos dias seria a convocação da embaixadora do Brasil em Washington como gesto de repúdio.
A medida anunciada por Trump representa uma escalada inédita na relação bilateral. Mesmo durante o regime militar brasileiro (1964–1985), quando o presidente americano Jimmy Carter pressionou o país por conta das violações de direitos humanos, nenhuma medida comercial dessa natureza foi adotada contra o Brasil.