Entre janeiro de 2024 e maio de 2025, três deputados estaduais do Tocantins, Olyntho Neto (Republicanos), Valdemar Júnior (Republicanos) e Gutierrez Torquato (PDT), repassaram, juntos, R$ 867 mil ao escritório de advocacia de Antônio Ianowich Filho, preso nesta sexta-feira, 27, durante nova fase da Operação Sisamnes, da Polícia Federal, que também prendeu o prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos).

Os pagamentos saíram da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (Codap), espécie de “verba indenizatória” destinada a cobrir despesas dos gabinetes. O beneficiado pelos serviços de advocacia prestados foi o escritório Antonio Ianowich Filho – Sociedade Individual de Advocacia, inscrito no CNPJ 18.238.910/0001-72.

Durante 17 meses, os repasses seguiram valores mensais fixos: Olyntho Neto e Gutierrez Torquato destinaram R$ 18 mil mensais cada (R$ 306 mil por deputado), enquanto Valdemar Júnior desembolsou R$ 15 mil mensais (R$ 255 mil).

Sócio da banca, Ianowich agora responde por suspeita de envolvimento no vazamento de inquéritos que tramitam sob sigilo no STJ. Antes disso, já havia sido condenado por crimes contra a administração pública. Em 2020, pegou 6 anos e 7 meses de prisão em regime semiaberto por peculato e fraude processual, num esquema de funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa do Tocantins, onde atuava como diretor-geral.

Posições

A reportagem procurou os três deputados que são cliente do escritório. Até o momento, apenaso deputado Gutierres Torqualto retornou os quetionamentos. Ao Jornal Opção Tocantins ele afirmou ter “enorme respeito pela imprensa e veículos de comunicação”, mas disse não compreender a tentativa de associação entre a atuação parlamentar e os desdobramentos de um processo que, segundo ele, tramita numa instância superior e envolve um advogado contratado. “O fato novo que se refere é a uma situação que envolve o advogado em um processo do STJ em específico. O que estou falando é que em nada tem a ver com a prestação de serviços jurídicos do escritório de advocacia”, explicou.

Ele ainda acrescentou que de maneira nenhuma os serviços contratados foram influenciados pelas investigações e destacou que tem “sempre respondido com enorme atenção” aos questionamentos. “Reitero mais uma vez que não entendo de verdade o que uma coisa tem a ver com a outra”, concluiu, ao afirmar que a tentativa de vinculação seria “sem nenhum fundamento”.

A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Tocantins (OAB-TO) informou que, até o presente momento, não teve acesso à decisão judicial envolvendo o advogado Ianowich Filho. Ressalta, contudo, que está adotando todas as medidas cabíveis para assegurar a plena observância das prerrogativas profissionais do referido advogado, conforme previsto na legislação vigente e no Estatuto da Advocacia.