Eduardo Gomes e o real desafio da união do grupo

24 julho 2025 às 14h56

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Eduardo Gomes (PL) vive repetindo que o mais importante para 2026 é manter o grupo político unido. Mas a cada nova movimentação das lideranças tocantinenses, o discurso dele vai ficando mais distante da prática.
Hoje, o tal grupo tem pelo menos dois pré-candidatos ao governo em plena atividade: Dorinha Seabra (União Brasil), com apoio claro de Carlos Gaguim (União Brasil), e Amélio Cayres (Republicanos), presidente da Assembleia e tratado como nome preferido do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos). Os dois caminham com agendas de pré-campanha e não demonstram qualquer sinal de que pretendem recuar.
Wanderlei, por sua vez, tem capital político suficiente para disputar o Senado. Mas tem dito que prefere concluir seu mandato. Se seguir nessa linha, não será candidato em 2026, o que trava automaticamente qualquer movimentação dele ou de seus familiares. Pela lei, só poderia disputar se deixasse o cargo em abril, o que abriria caminho para o vice, Laurez Moreira. Mas o governador e Laurez mal se falam politicamente, e ninguém do núcleo palaciano trabalha com esse cenário, ao menos por enquanto.
Enquanto isso, a disputa pelas duas vagas ao Senado ferve no chamado grupo governista: Carlos Gaguim, Alexandre Guimarães, Vicentinho Júnior, e o próprio Gomes aparecem como pré-candidatos. Gaguim, inclusive, é o principal nome de Dorinha para compor com ela. Já Alexandre é ventilado em uma chapa com Gomes. Vicentinho, mesmo mais distante do governador, terá estrutura da federalização entre União e PP, tem o apoio da gestão da Capital e projeto próprios.
Ou seja: se ninguém ceder, não existe união possível. E é esse o nó que Gomes precisa desatar. Ele mesmo já declarou que buscará a reeleição ao Senado, e isso, na prática, inviabiliza a candidatura de pelo menos dois outros aliados. Se Wanderlei também decidir disputar o Senado, a conta aperta ainda mais.
Gomes tem trânsito em todas as frentes e prestígio nacional, mas no Tocantins, o desafio é doméstico. Vai precisar fazer o que ninguém quer fazer: chamar os aliados para conversar e cobrar decisões. Porque até aqui, todo mundo jura que está no mesmo grupo, mas segue cada um no seu canto, marcando território e forçando a barra para ser o escolhido.
Unir todo mundo num único palanque exige que alguém engula o orgulho e desista da cabeça de chapa. O problema é que ninguém quer ser esse alguém. E o tempo está correndo.