PF aponta que emendas da Câmara de Palmas podem ter sido usadas em suposto esquema de desvio de verbas

12 setembro 2025 às 18h49

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A Polícia Federal identificou indícios de que recursos de emendas parlamentares da Câmara de Palmas podem ter sido utilizados em um esquema de desvio de recursos públicos. O caso integra o inquérito que levou ao afastamento do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) e da primeira-dama, Karynne Sotero, em decisão do ministro Mauro Campbell Marques, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), referendada pela Corte Especial.
Trechos do pedido de busca e apreensão revelam conversas em que aliados do grupo investigado, na epóca dos fatos, entre eles Paulo Cesar Lustosa (ex-marido da primeira-dama), tratam sobre listas com nomes e CPFs para “completar” prestações de contas de cestas básicas que, segundo a PF, jamais foram entregues. Em um dos diálogos, interlocutores relatam que parte desses nomes teria sido providenciada por meio de contatos ligados à Câmara de Palmas, com base em emendas parlamentares municipais.
Para a PF, o modus operandi era claro: primeiro ocorria o pagamento antecipado às entidades contratadas e, depois, buscava-se simular a entrega das cestas. Em alguns casos, kits foram tomados de empréstimo apenas para registros fotográficos, compondo um cenário fictício de distribuição. As listas de CPFs serviriam como lastro documental para justificar a aplicação dos recursos.
O relatório também chama atenção para a falta de transparência. Segundo o documento, não foram encontrados no sistema do Tribunal de Contas do Estado (TCE/TO) os contratos e termos de execução que deveriam ter sido registrados. Além disso, o site da Transparência do Tocantins apontou pagamento de R$ 256 mil ao Instituto de Desenvolvimento e Gestão Social, Esportivo e Cultura, uma das entidades investigadas em dezembro de 2021, mas as fotos e a suposta prestação de contas só surgiram em fevereiro de 2022. O IDEGESESC é colocado na investigação como ligado diretamente a primeira-dama do Tocantins.
A investigação destaca ainda que a menção a nomes ligados ao legislativo municipal corrobora a hipótese de que o mesmo expediente pode ter sido replicado em contratos atrelados a emendas da Câmara de Palmas. Para a PF, isso reforça a suspeita de que o esquema não se limitava à esfera estadual, mas alcançava também a estrutura política local.
IDEGESESC
Em apuração do Jornal Opção Tocantins, o CNPJ do IDEGESESC, entidade citada pela Polícia Federal no esquema das cestas básicas e ligada politicamente à primeira-dama, recebeu recursos municipais por meio de termos de fomento e emendas parlamentares, nada que até aqui, teria sido citado como irregular pela justiça.