Segundo a Polícia Federal, ao menos R$ 38 milhões em emendas parlamentares foram destinados a empresas controladas pelo casal Joseph Ribamar Madeira e Adriana Rodrigues Santos, para contratos de fornecimento de cestas básicas. Parte desse dinheiro teria voltado em forma de propina, paga em espécie, com valores que variavam de R$ 10 a R$ 13 por cesta.

Do total encaminhado pelos deputados, R$ 3,2 milhões foram destinados pelo deputado estadual Olyntho Neto (Republicanos) para a empresa Sabores Regionais Distribuição, Representação e Comércio de Alimentos LTDA, via Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas), resposnável pela distribuição das cestas básicas. É o segundo maior montante encaminhado no suposto esquema.

As mensagens interceptadas pela PF mostram tentativas de articulação política e estratégias para “se precaver” diante do avanço das investigações. Em diálogo entre Adriana Rodrigues Santos e Marcos Milhomens, a menção ao advogado Antônio Ianowich Filho, apontado como próximo ao deputado estadual Olyntho Neto (Republicanos), chamou a atenção:

ADRIANA RODRIGUES: Você sabe o que tá acontecendo com o Dr. Antônio? Sempre tá viajando. Nunca tá disponível pra conversar.

MARCOS MILHOMENS: O Joseph. O que o IANOWICH deve ter percebido é o seguinte. A Inércia, nada acontecendo, o cerco se fechando. Ele deve ter falado isso pro Olinto, e falou ‘Olinto, você começa a se precaver’. É por isso que o Olinto tá mandando aquele monte de ofício lá para SETAS, porque em uma possível operação, quando forem para cima do Olinto, fala ‘não, aqui óh, eu tô cobrando as cestas tem mais de mês, que eu estou cobrando pra onde elas foram. O que ele está fazendo é se precavendo, e aí, como ele deve estar achando que está tudo parado, o governador lavou as mãos, está achando o Joseph de certa forma despreocupado com isso, ele deve tá tomando essa iniciativa. É a única explicação.

ADRIANA RODRIGUES: Difícil, viu. Eu tenho um combinado com eles.

“Os institutos são tudo dos deputados”

Outro conjunto de mensagens, trocado entre Paulo César Lustosa e seu irmão Wilton Pires, indica que deputados usavam institutos para receber recursos de emendas:

WILTON: Muitas emendas aí para alguns institutos

PC LUSTOSA: Moço, trem tá tão feio que não sei como vai ser essa temporada

PC LUSTOSA: Os institutos são tudo dos deputados, irmão

PC LUSTOSA: Todos têm um instituto. Como é que faz assim??

Dias depois dessas mensagens, a Assembleia aprovou uma emenda constitucional que ampliou o valor das emendas parlamentares individuais para R$ 10 milhões, o que, segundo a PF, poderia “intensificar a dissipação de recursos do erário estadual”.

O Jornal Opção Tocantins buscou contato ainda nesta quarta-feira,3, com o deputado estadual Olyntho, diretamente mencionado nos diálogos, solicitando esclarecimento, e recebeu a seguinte nota:

O deputado Olyntho Neto (Republicanos) informa que os ofícios citados na reportagem mostram exatamente o foco na lisura e cumprimento do objeto da emenda, cuja execução, frisa-se, não é responsabilidade do parlamentar

Adriana e Joseph também se posicionaram:

Os empresários Joseph Madeira e Adriana Rodrigues informam que constituíram suas defesas jurídicas e que todas as providências necessárias estão sendo adotadas no âmbito legal.

Com a tranquilidade de quem sempre pautou sua trajetória pela seriedade e pelo trabalho em favor do desenvolvimento econômico e social do Tocantins, ambos reforçam a confiança na Justiça e na plena apuração dos fatos.

Joseph Madeira e Adriana Rodrigues

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