Alguns dos principais líderes do PSDB tocantinense admitem, reservadamente, que ainda não conversaram com a ex-prefeita Cinthia Ribeiro sobre os próximos passos do partido no estado. Desde a frustração da fusão com o Podemos, o silêncio tem predominado. Sem reuniões formais desde o encontro de maio, a expectativa interna é que agosto marque a retomada das articulações, com Cinthia voltando à mesa com os tucanos para tentar organizar a estratégia da sigla para 2026.

Enquanto o PSDB se movimenta lentamente, crescem as especulações sobre uma reaproximação de Cinthia com o grupo do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), figura com quem ela já teve embates públicos. O tempo, no entanto, costuma redesenhar alianças, e, nos bastidores, a avaliação é que um gesto simbólico, reforçado por postagens e agendas conjuntas, pode dissolver antigas rusgas. Eduardo Mantoan, deputado estadual tucano e marido da ex-prefeita, é visto como peça-chave nessa costura: mantém boa relação com o Palácio Araguaia e já é tratado por aliados como alguém “quase da base”.

Essa possível aliança tem alimentado rumores de que Cinthia poderia integrar a chapa majoritária articulada por Wanderlei. Há quem defenda seu nome para a vice numa possível chapa com Amélio Cayres (Republicanos), mas o arranjo exigiria pelo menos um aval: o do senador Eduardo Gomes (PL), nome forte no entorno do governador. Gomes, que tem o irmão André, ex-vice de Cinthia, como um dos seus interlocutores no estado, não teria engolido bem o distanciamento da ex-prefeita durante sua gestão. Mesmo assim, aliados apostam no pragmatismo do senador para destravar a negociação, se o movimento fizer sentido para o grupo.

Enquanto isso, no PSDB, o ritmo segue descompassado. Sem federação, sem bancada federal no estado e com lideranças ainda divididas, o partido aguarda um norte. Cinthia, que nacionalmente comanda o PSDB Mulher, segue como maior ativo da legenda no estado, mas a ausência de articulação local tem causado incômodo. Agosto, se confirmado o retorno dela às conversas com a cúpula estadual, será decisivo para definir se o PSDB busca voo próprio ou embarca num projeto coletivo. A única certeza, até aqui, é que nada está fechado, e que o tempo político, como sempre, corre em silêncio.