Não é de hoje que circula a pergunta: por que o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) ainda não abraçou com entusiasmo a pré-candidatura da senadora Professora Dorinha Seabra (União Brasil) ao governo do Tocantins em 2026? A resposta, ao que tudo indica, não está apenas nas articulações políticas, mas numa camada mais sensível, a do reconhecimento.

A leitura dentro das paredes do palácio, e em anexos, é de que Dorinha evita creditar ao governador qualquer papel relevante na sua eleição ao Senado, em 2022. Prefere reforçar sua trajetória própria, sem mencionar o apoio que recebeu de Wanderlei na campanha. Esse comportamento é visto com desconforto entre aliados e não ajuda a fortalecer os laços entre os dois, o que seria suficiente para que o governador passe a olhar com mais atenção para outro nome da base: o seu amigo e aliado de primeira hora, o deputado estadual, Amélio Cayres (Republicanos), presidente da Assembleia Legislativa do Tocantins e figura cada vez mais presente ao lado de Wanderlei em agendas pelo interior. Governistas enxergam que Wanderlei tem a confiança que o parlamentar seja grato e menos ingrato em uma eventual vitória em 2026, o que só se pode saber após os primeiros meses de gestão, pois a caneta tem um peso teórico e outro prático.

Dorinha foi eleita senadora com 50,42% dos votos válidos, 395.408 no total, mais que o dobro da segunda colocada, a então senadora Kátia Abreu, que teve 18,50% (145.104 votos). Após a vitória, Dorinha chegou a declarar que trabalharia ao lado de Wanderlei e prometeu “a melhor gestão que o Estado já viu”. Contudo, desde a eleição, a relação entre Dorinha e Wanderlei seguiu institucional, marcada por agendas públicas e acenos protocolares. Há colaboração, mas não há proximidade, e, para aliados governistas, o distanciamento vem do fato de que a senadora não compartilha o projeto político nem divide o sonho do grupo.

Agora, em 2026 no horizonte, Dorinha reafirma publicamente que é pré-candidata, independentemente de ter ou não o apoio do Palácio Araguaia. Mesmo liderando com folga as pesquisas internas diante de Amélio e mantendo seu espaço na base governista, não conta com o endosso do governador. Segundo fontes próximas, a ausência de apoio não é apenas tática, seria uma resposta à falta de reciprocidade. Wanderlei teria ajudado, mas não se vê lembrado. E, na política, quem se sente esquecido, dificilmente entrega apoio incondicional.