Trump não quer negociar com o Brasil, quer humilhá-lo

28 julho 2025 às 11h26

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não tem o menor interesse em negociar, efetivamente, com o Brasil quanto às tarifas que entrarão em vigor no próximo dia 1º de agosto. Isso está mais óbvio e claro que a luz do sol.
As evidências disso começam a partir do motivo levantado pela Casa Branca para impor a pesada carga tarifária de 50% sobre produtos brasileiros. O presidente norte-americano diz estar havendo uma “perseguição” do Judiciário contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (figura que ele considera não um amigo, mas “alguém que ele conhece” – palavras do próprio Donald) e tem usado integrantes da família Bolsonaro, como o deputado Eduardo, como pets mandados em torno de seu objetivo principal: desestabilizar o sistema político e econômico do Brasil.
Sejamos francos: Trump não dá a mínima para Bolsonaro e Cia. Aliás, o presidente norte-americano não tem o menor interesse e empatia por nada de fora das ambições norte-americanas de manutenção da hegemonia global. O fator Bolsonaro foi apenas um pretexto para algo bem maior que, há tempos, incomoda o “laranjão”, leia-se BRICS e suas movimentações.
O próprio Trump disse com todas as palavras que as tarifas de 50% são usadas contra países que não estão “com a relação muito boa” com os EUA. Hoje mesmo, domingo, o presidente norte-americano anunciou um acordo comercial com a União Europeia, cujos produtos, a partir de agora, passarão a ser taxados em 15%, e não mais em 30% como havia sido anunciado.
Enquanto isso, o Brasil segue, também, tentando negociar, enquanto é sumariamente ignorado. A comitiva de senadores que foi aos EUA tentar negociar o tarifaço trumpista não tem, sequer, reunião marcada com membros da Casa Branca até o momento. Lula, por sua vez, soltou na última sexta-feira que o vice-presidente Geraldo Alckmin tem tentado contato com Trump, mas que ninguém lá “quer conversar com ele”.
A Casa Branca já bateu o pé e reafirmou que as taxas entram em vigor no primeiro dia do próximo mês. Paralelo a isso, sanções têm sido aplicadas a integrantes da mais alta Corte do Judiciário no país, o STF, que agora sequer podem entrar nos EUA, após terem os vistos revogados.
Falta empenho maior por parte do governo federal em abrir um canal de diálogo efetivo com os EUA, isso é certo, e não ajuda o fato de Lula estar sempre a postos para soltar provocações contra Trump. Mas, novamente, sejamos honestos: o “laranjão” não quer realmente negociar. Ele quer brigar, subjugar, humilhar o Brasil e suas instituições e, como já cunhado até pela imprensa internacional, porta-se como o “imperador” de um país que com muito custo adquiriu sua soberania e agora precisa lutar de novo por ela.