Afastamento de Wanderlei encurtou disputas e deu rumo ao bloco governista
08 dezembro 2025 às 21h29

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A volta de Wanderlei Barbosa (Republicanos) ao governo deixou evidente algo que o discurso oficial não admite, mas a política demonstra com naturalidade: três meses fora redesenharam a relação dele com seu próprio grupo. O afastamento testou lealdades, revelou fragilidades e mostrou quem preservava compromisso e quem buscava abrigo imediato no governo interino.
A movimentação foi típica de ambientes pressionados. Parte dos aliados tratou o período de instabilidade como oportunidade para negociar espaço. Outra parte decidiu manter a proximidade com o núcleo governista, mesmo sem exposição pública. A diferença entre esses dois blocos agora aparece com nitidez. Quem permaneceu próximo retorna com vantagem. Quem se afastou trabalha para recuperar posição.
Esse cenário também destravou o principal impasse da base: a sucessão de 2026. Wanderlei não pode disputar novo mandato e seu grupo se arrastava entre duas alternativas. Amélio Cayres (Republicanos), presidente da Assembleia Legislativa do Tocantins, era o preferido do governador e circulava ao lado dele com frequência, mas não avançava nas pesquisas. Dorinha Seabra (UB), por outro lado, tinha desempenho melhor e respaldo de nomes fortes como Carlos Gaguim (UB) e Eduardo Gomes (PL), embora não contasse com o apoio de Wanderlei.
O áudio vazado de Dorinha, criticando a falta de clareza do governador sobre sua preferência, apenas tornou público o que já era evidente internamente: o grupo estava dividido e sem direção. O afastamento, porém, alterou essa equação. Wanderlei se aproximou de Eduardo Gomes e o entendimento político ganhou forma. O arranjo que circula hoje é direto: Gomes e Gaguim disputariam as duas vagas ao Senado, Dorinha assumiria a candidatura ao governo e Wanderlei indicaria o vice. Uma composição que atende a cada ala e encerra tensões que ameaçavam se estender até o ano eleitoral.
Mesmo com o período fora, o governador preservou força suficiente para segurar o núcleo mais estratégico, evitar dispersão completa e manter influência sobre a formatação da chapa. O retorno confirma essa leitura: a base volta a se reorganizar ao redor dele, agora com os limites mais claros e com menos espaço para improvisos.
O quadro que se apresenta não é de unanimidade, mas de pragmatismo. Wanderlei reassume com aliados atentos ao próprio futuro e com uma sucessão encaminhada de forma mais objetiva do que antes do afastamento. A política tocantinense trabalha com memória curta e cálculo longo, e esses três meses serviram justamente para ajustar o cálculo, inclusive de quem julgava não precisar rever posição alguma
