Dinheiro desviado das cestas básicas teria pago imóveis de luxo, gado e despesas pessoais de investigados, diz PF

03 setembro 2025 às 09h11

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Nesta quarta-feira, 3, a Polícia Federal deu continuidade à investigação sobre o desvio de recursos públicos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19, com foco no rastreamento do dinheiro e dos bens adquiridos pelos investigados.
Segundo a PF, os contratos firmados entre 2020 e 2021 somaram R$ 97 milhões, dos quais aproximadamente R$ 73 milhões teriam sido desviados. O rastreamento indicou que parte desse valor foi utilizada na compra de imóveis de luxo, aquisição de gado e pagamento de despesas pessoais dos investigados.
Entre os mencionados na investigação estão Wanderlei Barbosa, Karynne Sotero, Léo Barbosa e Rérison Castro. O governador Wanderlei e a primeira-dama Karynne foram afastados dos cargos por decisão do ministro Mauro Campbell, nesta quarta-feira, 3. O trabalho da PF busca mapear todas as movimentações financeiras e aquisições ligadas a esses nomes, reconstruindo a trajetória do dinheiro que deveria ter sido destinado a famílias em vulnerabilidade durante a pandemia.
Mais de 200 policiais federais participam da operação, cumprindo 51 mandados de busca e apreensão, incluindo ações no Palácio Araguaia e na Assembleia Legislativa, para localizar bens e evidências que comprovem a utilização irregular dos recursos.
O rastreio detalhado começou ainda na primeira fase da operação, em 2023, e segue sob sigilo judicial, sob supervisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Confira o que dizem os citados
O que diz a Assembleia:
A Assembleia Legislativa do Estado do Tocantins (Aleto) informa que prestou nesta quarta-feira, 3, colaboração total e irrestrita ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e à Polícia Federal (PF), no
cumprimento integral das determinações contidas em dez mandados de busca e apreensão, com a devida disponibilização de todos os equipamentos, documentos e informações solicitados.
Informa ainda que a Procuradoria Geral da Casa não teve acesso aos autos, portanto, desconhece-se o que motivou a expedição dos referidos mandados. Além disso, a Aleto não foi intimada de nenhuma decisão judicial relacionada ao caso, que ainda está em curso.
Os nomes dos deputados que tiveram mandados cumpridos em seus gabinetes também foram confirmados pela Aleto, confira aqui.
O que diz o governador:
Recebo a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) com respeito às instituições, mas registro que se trata de medida precipitada, adotada quando as apurações da Operação Fames-19 ainda estão em andamento, sem conclusão definitiva sobre qualquer responsabilidade da minha parte. É importante ressaltar que o pagamento das cestas básicas, objeto da investigação, ocorreu entre 2020 e 2021, ainda na gestão anterior, quando eu exercia o cargo de vice-governador e não era ordenador de despesa.
Reforço que, por minha determinação, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e a Controladoria-Geral do Estado (CGE) instauraram auditoria sobre os contratos mencionados e encaminharam integralmente as informações às autoridades competentes.
Além dessa providência já em curso, acionarei os meios jurídicos necessários para reassumir o cargo de Governador do Tocantins, comprovar a legalidade dos meus atos e enfrentar essa injustiça, assegurando a estabilidade do Estado e a continuidade dos serviços à população.
O que diz a primeira-dama:
Reitero meu respeito à decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e às instituições, ressaltando que irei dedicar-me plenamente à minha defesa, convicta de que conseguirei comprovar minha total ausência de participação nos fatos que estão sendo apontados.
Desejo que tudo seja esclarecido e reestabelecido com brevidade e justiça, pelo bem do povo tocantinense, a quem dedico meu trabalho e compromisso.
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