Eduardo Siqueira: entre o equilíbrio financeiro, dívidas e o desafio de preservar e melhorar os serviços públicos essenciais

19 setembro 2025 às 16h29

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O prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos), conversou com o Jornal Opção Tocantins nesta quinta-feira, 18, e fez um resumo da situação financeira e operacional do município, além de apresentar os principais eixos de sua administração.
Segundo ele, o foco tem sido equilibrar as contas e melhorar serviços essenciais à população, mesmo diante de limitações financeiras herdadas, atrasos em financiamentos e receitas judicializadas. O prefeito reforça que a gestão prioriza diálogo e transparência, buscando ouvir críticas e acertar decisões junto à sociedade.
- Situação financeira
O prefeito diz que a gestão começou com uma dívida de R$ 200 milhões - Serviços essenciais
Eduardo Siqueira prioriza áreas como transporte e alimentação - Infraestrutura e mobilidade
O prefeito destaca ações para melhorar a infraestrutura da cidade - Saúde
Gestão enfrenta desafios no fornecimento de medicamentos - Resultado e perspectivas
A administração projeta avanços graduais e relação institucional entre os poderes
Situação financeira
De acordo com o prefeito, a administração já começou com aproximadamente R$ 200 milhões em dívidas de exercícios anteriores. “Eu não pode deixar de pagar serviços que precisam ser continuados. Já pagamos mais de R$ 50 milhões do que ficou do passado. A conta não é simplesmente comparar arrecadação mês a mês; temos um orçamento estimado em R$ 2,75 bilhões, e muitas despesas são inadiáveis”, explica. Ele afirma que medidas de contenção foram adotadas, incluindo redução de cargos e negociação de descontos com fornecedores. Entre os exemplos citados está o Festival Gastronômico de Taquaruçu, cujo custo foi reduzido de R$ 12 milhões para cerca de R$ 4,5 milhões.
Além disso, Eduardo ressalta que a gestão teve que lidar com atrasos do financiamento de R$ 300 milhões do Banco do Brasil e de receitas travadas pois estão judicializadas, o que exigiu ajustes rigorosos nas despesas para que a administração pudesse manter a prestação de serviços essenciais. “Priorizamos transporte, alimentação, segurança alimentar, infraestrutura urbana e a entrega de novas estruturas dos postos de saúde, com atenção à qualidade e à dignidade da população. Nosso objetivo é equilibrar os custos e ampliar a eficiência, garantindo resultados concretos e visíveis para a cidade”, acrescenta o prefeito.
Questionado então se não seria contraditório destinar R$ 1,2 milhões para contratação de um buffet e serviços de coffee break, ele afirmou que a forma de contratação segue exigências legais e atende demandas institucionais de eventos e reuniões. “A legislação exige termos específicos como ‘buffet’ e ‘coffee break’, mas o que se trata, de fato, são serviços destinados a reuniões de conselhos, encontros técnicos e atividades sociais ligadas às políticas públicas. Esses momentos envolvem longas jornadas de trabalho e precisam oferecer condições adequadas, como alimentação básica para participantes e servidores. Não há nada de supérfluo ou paralelo ao interesse público”, explicou Siqueira Campos.
Nesta sexta-feira, 19, a prefeitura informou que o pregão para contratação de empresa especializada em serviços de Buffet havia sido cancelado. Embora o cancelamento tenha ocorrido posteriormente à entrevista, o prefeito já havia abordado o tema em tom preventivo, explicando a necessidade de transparência e clareza nas contratações. “É preciso explicar para a sociedade que tudo tem fundamento. Quando falamos em gastar, falamos em gastar bem, com transparência e com foco no que realmente importa”, disse.
Transporte público
A mobilidade urbana é apontada como prioridade. Eduardo ressalta que Palmas é a única capital brasileira com ônibus novos, climatizados, que atendem de forma adequada a população. Ele enfatiza que os investimentos buscam a dignidade do usuário e a segurança no trânsito, diante do aumento de motocicletas irregulares e acidentes registrados na cidade.
“Renovamos a frota de ônibus, todos com ar-condicionado, porque quem pega o transporte público precisa ter dignidade. Não é luxo, é necessidade. O trabalhador que sai de casa cedo, que enfrenta o calor, merece viajar com mais conforto. Mas isso tem um custo alto e temos dado transparência a isso”, ressaltou.

Segurança alimentar e educação
Outro eixo central da gestão é a alimentação escolar. Palmas possui 43 mil crianças matriculadas, e a prefeitura oferece em média três refeições diárias por aluno. “São 129 mil refeições diárias, com padrão de qualidade e atenção à higiene e armazenamento”, afirmou. Além disso, a prefeitura mantém restaurantes comunitários que somam 4 mil refeições diárias, reforçando a segurança alimentar da população.

Infraestrutura e mobilidade
O prefeito destaca intervenções em regiões historicamente carentes de investimentos, segundo ele, como Taquaruçu e a Avenida Tocantins, com obras de asfaltamento, iluminação e ciclovias. Além disso ele destaca a restruturação de posto de saúde e o cuidado com limpeza e manutenção de vias públicas, o que na visão dele tem como objetivo é garantir mobilidade digna e reduzir acidentes causados por vias em más condições.
Saúde
Na área da saúde, Eduardo Siqueira Campos reconhece os desafios e aponta entraves, segundo ele, pontuais ligados ao fornecimento de medicamentos. O prefeito explica que a secretária optou por não fazer adesão de atas e decidiu realizar as concorrências de medicamentos. “Às vezes os fornecedores oferecem preços muito baixos e depois não entregam. Aí a gente tem que recorrer a um processo emergencial. Vem a pressão de novo, mas não tem outro caminho, porque não posso deixar faltar remédio na ponta”, comentou.
Ele diz ainda que gerir a saúde é tomar decisões diariamente. “Temos um sistema que, muitas vezes, mergulha nos preços para depois nos forçar a comprar com reajuste. É cruz e espada o tempo todo. Só posso dizer uma coisa: se estamos passando por momentos de dificuldade, é preciso compreender que o trabalhador, na essência daquilo que ele precisa, receba o atendimento”, explica.
O prefeito ressalta que, mesmo quando algumas entregas não foram pontuais, o ano foi marcado por estabilidade nas UPAs. “Atualmente enfrentamos mais dificuldades, que se somam à frustração das concorrências e às limitações financeiras, mas são situações pontuais, e seguimos avançando”, completa.
Mudanças na equipe e reestruturação
O prefeito também comentou sobre a saída de alguns integrantes de sua gestão que migraram para a equipe do governador interino Laurez Moreira. Para ele, essa movimentação é natural dentro do processo político-administrativo, mas abre espaço para ajustes internos. “Com essas mudanças, pode haver reestruturação de pastas, sempre com o objetivo de dar mais eficiência ao trabalho”, pontua.
Eduardo ainda explicou que não se opôs à ida de auxiliares para o governo estadual. “Eu não liguei para o governador para indicar ninguém. Ele levou o Ronaldo Dimas e o meu controlador-geral, doutor Júlio. Liberei meu secretariado para que cada um decidisse de acordo com seu arbítrio e carreira”, ressaltou.
Resultados e perspectivas
O prefeito afirma que, apesar do cenário desafiador, a administração consegue avançar em serviços essenciais e manter um saldo positivo em relação às demandas da população. “Não se trata de mérito pessoal, mas do exercício da função pública, garantindo transporte, alimentação e infraestrutura adequados”, diz.
Sobre a relação com o governador interino, o prefeito destacou que tem mantido relação institucional com o Laurez Moreira (PSD) da mesma forma que fez com Wanderlei Barbosa (Republicanos). “Não cabe ego, nem vaidade. Eu estou na cadeira de prefeito de Palmas. As demandas da cidade são maiores e mais importantes”, destacou.
Natal e Luzes
No final, o prefeito de Palmas comentou que a tradicional iluminação colocada na cidade no final do ano não terá os mesmos gastos que nas gestões anteriores, mas garantiu que as mesmas luzes do centro da cidade também estarão nos bairros mais afastados.
