Gestão interina de Laurez Moreira inflou dados e criou falsa emergência financeira na saúde, aponta estudo do grupo gestor
12 dezembro 2025 às 15h26

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A administração interina comandada por Laurez Moreira (PSD) divulgou informações distorcidas à população tocantinense e os órgãos fiscalizadores ao anunciar um suposto rombo de R$ 688 milhões deixado pela gestão de Wanderlei Barbosa (Republicanos), número que serviu de base para decretar, sem justificativa técnica, um falso estado de calamidade na saúde. Os dados constam de estudo elaborado por técnicos da Secretaria do Planejamento (Seplan) e da Secretaria da Saúde (SES).
De acordo com o documento, as despesas empenhadas e ainda não pagas até setembro de 2025 somavam R$ 315 milhões, valor 54,2% inferior ao divulgado pelo governo interino. Outros R$ 150 milhões referem-se a obrigações que o Estado não reconhece: dívidas prescritas ou sem comprovação, sendo R$ 88,9 milhões referentes ao período de 2015 a 2019, R$ 25,1 milhões entre 2020 e 2024 e R$ 36,3 milhões derivados de registros da Superintendência de Aquisição e Estratégias de Logística (SAEL).
O governo interino ainda incluiu, de forma considerada deliberadamente equivocada pelos técnicos, a projeção de gastos de outubro a dezembro de 2025 (R$ 353,7 milhões) como se fossem dívidas. O valor foi apresentado em coletiva de imprensa no dia 6 de novembro, junto ao decreto de emergência, mas o parecer técnico não foi tornado público.
Os responsáveis pelo estudo afirmam que a finalidade original do levantamento era demonstrar a diferença entre o que o Tocantins recebe do governo federal para a saúde e o que efetivamente gasta, buscando justificar o pedido de reposição anual de R$ 200 milhões pela União.
Segundo os técnicos, o Estado carrega uma rolagem anual de aproximadamente R$ 215 milhões, situação que ocorre há pelo menos uma década e que não é uma peculiaridade da gestão de Wanderlei Barbosa. Por esse motivo, desde 2022 o governo estadual reivindica ao governo federal a compensação desse déficit.
O grupo de trabalho criado por Wanderlei Barbosa deve agora detalhar os números e encaminhar eventuais irregularidades aos órgãos de controle. Os dados também serão enviados à Assembleia Legislativa, já que informações distorcidas foram utilizadas para embasar o decreto de emergência na saúde.
