Jovem de Axixá do Tocantins desenvolve projeto de adaptação climática para comunidades tradicionais

Estudantes de comunidades tradicionais do Tocantins têm se destacado na criação de propostas de adaptação às mudanças climáticas que combinam preservação ambiental e manutenção cultural. Entre os participantes do programa Juventude pelo Clima, iniciativa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), está a jovem Daiane Felipe de Brito, de 25 anos, que cresceu em Axixá do Tocantins, a cerca de 600 km de Palmas.

O projeto de Daiane foca na proteção e valorização do babaçu, planta central na economia local, utilizada para produção de azeite, doces, joias e artesanatos. Seu plano inclui monitorar os babaçuais com drones para identificar queimadas e derrubada das palmeiras, além de incentivar alternativas de renda que atraiam os jovens da comunidade para a bioeconomia local.

“Hoje, se eu não lutar por esse território, se eu não lutar pelo babaçu, vou deixar de lutar pela minha história, por uma luta que foi da minha mãe”, afirma Daiane, aluna da Universidade Federal do Tocantins, em Palmas.

A iniciativa do Ipam visa não apenas apoiar os estudantes durante a graduação, oferecendo uma ajuda de custo mensal de R$ 700, mas também incentivar o retorno às comunidades tradicionais, evitando a perda de conhecimento e cultura local. Participantes vêm de seis estados da Amazônia Legal, incluindo territórios indígenas, quilombolas e comunidades extrativistas.

O programa propõe que os jovens assumam papéis de liderança, aplicando na prática o conhecimento adquirido na universidade e trabalhando junto às lideranças mais velhas para propor soluções adaptadas à realidade local. “Nunca é só uma questão de segurança alimentar ou hídrica, sempre é também um resgate ou manutenção da cultura”, afirma Paula Guarido, coordenadora do Núcleo de Estudos Indígenas do Ipam.

Os projetos, em fase final de implementação, buscam conciliar desenvolvimento econômico, preservação ambiental e fortalecimento da identidade cultural, garantindo que as próximas gerações de Axixá e de outras comunidades do Tocantins continuem conectadas ao território e à sua história.