A Câmara dos Deputados deve votar nesta quarta-feira, 1º de outubro, o projeto de lei que amplia a isenção do Imposto de Renda (IR) para trabalhadores com renda mensal de até R$ 5 mil. A medida foi prometida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a campanha eleitoral e, caso aprovada pelos deputados, seguirá para análise do Senado.

O Jornal Opção Tocantins consultou os oito parlamentares da bancada do estado para saber como devem se posicionar diante da proposta. Até o momento, quatro confirmaram voto favorável: Ricardo Ayres (Republicanos), Antônio Andrade (Republicanos), Eli Borges (PL) e Tiago Dimas (Podemos). Não responderam Filipe Martins (PL), Carlos Gaguim (União Brasil), Alexandre Guimarães e Vicentinho Júnior (PP).

Nas redes sociais, Ricardo Ayres declarou que votará favoravelmente à isenção até R$ 5 mil e também à redução parcial do imposto para rendas de até R$ 7.350.

“Essa medida alivia o bolso dos trabalhadores e garante justiça tributária, com compensação feita junto àqueles que recebem mais de R$ 1,2 milhão por ano”, afirmou.

Ao Jornal Opção Tocantins, Tiago Dimas disse que a mudança é um passo importante para reduzir a carga tributária da maioria dos brasileiros.

“O Congresso Nacional precisa focar em matérias como essa. Isentar de tributação na renda da maioria da população é algo altamente positivo. Meu voto obviamente será favorável e estou pronto para contribuir no debate deste tema.”

Antônio Andrade defendeu que a proposta também pode estimular a economia.

“Sou a favor da isenção do Imposto de Renda para contribuintes com renda de até R$ 5 mil mensais. Essa medida alivia o bolso dos trabalhadores e fortalece a economia ao aumentar o poder de compra das famílias, estimular o consumo e impulsionar o desenvolvimento econômico.”

Eli Borges reforçou que a correção da tabela já deveria ter sido feita.

“Sou a favor, porque essa tabela já deveria estar corrigida. Quando se fala em R$ 5 mil, trata-se apenas de fazer justiça fiscal, e ainda está aquém do que deveria ser. Acho que o problema do Brasil não é esse. O verdadeiro problema é a quebra do teto de gastos, o excesso de bondades do governo com o erário público e a ausência de uma política econômica que fortaleça o agronegócio e a indústria. A questão do imposto de renda é apenas uma correção parcial da necessidade. Se compararmos com a situação de seis anos atrás e aplicarmos os índices de correção, a tabela seria superior a R$ 5 mil.”

Cenário nacional

Embora o projeto relatado por Arthur Lira (PP-AL), alinhado ao governo, seja o que será votado na Câmara nesta quarta-feira, a proposta mais adiantada está no Senado. Relatada por Renan Calheiros (MDB-AL) e já aprovada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), ela prevê isenção total até R$ 4.900 e desconto parcial para quem ganha até R$ 7.350.

A versão do governo, em análise na Câmara, estabelece a isenção até R$ 5 mil e descontos escalonados até R$ 7 mil a partir de 2026. Também prevê:

  • tributação de dividendos acima de R$ 50 mil mensais (10%);
  • piso mínimo de tributação para altas rendas, garantindo recolhimento mesmo com deduções;
  • compensação a estados e municípios, mas de forma genérica.

Já o texto do Senado traz mais detalhamento: cronograma explícito de compensação aos entes federados, regras mais claras de dedução, proteção às empresas do Simples e tributação de dividendos só a partir de 2026.

Especialistas avaliam que, embora a proposta do Senado esteja tecnicamente mais avançada, o peso político favorece a votação da versão do governo na Câmara. Qualquer mudança feita pelos deputados pode atrasar a tramitação, pois o texto teria de voltar para análise dos senadores antes de eventual sanção presidencial.