Reduto de Amélio Cayres, Esperantina é uma das cidades com pior qualidade de vida no Bico do Papagaio, aponta ranking

Esperantina, no extremo norte do Tocantins, tradicional reduto eleitoral do deputado estadual Amélio Cayres (Republicanos), ocupa uma das piores posições no ranking nacional de qualidade de vida elaborado pelo Índice de Progresso Social (IPS Brasil) 2025.  Com 52,06 pontos em 100, o município ficou na 5.129ª posição entre 5.570 cidades brasileiras e na 104ª colocação entre os 139 municípios tocantinenses. 

No ranking das cidades da região do Bico do Papagaio, Esperantina fica a frente apenas de São Bento do Tocantins, que ficou na 108ª posição no Tocantins. 

Amélio Cayres foi prefeito da cidade entre 1996 e 2002, e sua esposa Geneci Perpétua entre 2009 e 2012. Atualmente, o município é administrado pela prefeita Tota do Francimar (UB), possui uma população estimada de 7.385 pessoas segundo o último censo, com densidade demográfica de 14,88 habitantes por km². O último Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), registrado em 2010, é de 0,570.

Esta reportagem faz parte de uma série que compara a atuação de deputados estaduais com a qualidade de vida das cidades de onde eles são eleitos.

Necessidades humanas básicas

O pior índice é água e saneamento (56,22 pontos), puxado por esgotamento sanitário inadequado e elevadas perdas de água na distribuição. Em segurança pessoal (52,65 pontos), o destaque negativo é o alto número de assassinatos de mulheres. Já nutrição e cuidados médicos básicos (68,14 pontos) tem como ponto mais frágil a mortalidade ajustada por condições sensíveis à atenção primária. O indicador com melhor desempenho neste bloco é moradia (72,12 pontos), embora apresente problemas como a elevada quantidade de domicílios com paredes inadequadas.

Fundamentos do bem-estar

O índice mais crítico é qualidade do meio ambiente (41,38 pontos), reflexo da baixa presença de áreas verdes e emissões elevadas de CO₂. Em saúde e bem-estar, problemas como baixa expectativa de vida e mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis pesam na nota geral.
Acesso à informação e comunicação (52,24 pontos) é puxado para baixo pela má qualidade da internet móvel.

Acesso ao conhecimento básico (65,98 pontos) apresenta itens medianos, como abandono no ensino fundamental e médio, evasão escolar, distorção idade-série, desempenho no Ideb do ensino fundamental e taxas de reprovação no ensino médio.

Oportunidades

O índice mais baixo é acesso ao ensino superior (26,31 pontos), resultado das notas medianas no Enem e da baixa proporção de jovens no nível superior.

Em direitos individuais (28,47 pontos), pesam fatores como acesso insuficiente a programas de direitos humanos, fragilidade nas ações para minorias, baixa taxa de atendimento à demanda judicial e processos previdenciários e familiares congestionados.

Outro índice crítico é liberdades individuais e de escolha (43,58 pontos), marcado pelo alto índice de gravidez na adolescência.

 Por outro lado, inclusão social (70,85 pontos) foi o indicador mais alto, com neutralidade em tópicos como famílias em situação de rua, paridade de gênero e racial na Câmara Municipal e indicadores de violência contra indígenas, mulheres e negros.

Emendas parlamentares privilegiam festas

Mesmo diante do cenário socioeconômico adverso, entre janeiro e maio de 2025, Amélio Cayres destinou a Esperantina R$ 100 mil, voltados para a realização da Festa do Cupu, tradicional evento do município. Nenhum outro recurso do parlamentar foi registrado no período.

Wiston Gomes apresentou seis emendas, totalizando R$ 650 mil, contemplando reformas em escolas municipais, festividades como o Dia das Mães e o aniversário do município, custeio das atividades administrativas e fomento à prática esportiva.

Jair Farias destinou duas emendas, somando R$ 475 mil, voltadas à aquisição de ambulância para a saúde e à melhoria da iluminação pública.

No total, Esperantina recebeu cerca de R$ 1,225 milhão em emendas estaduais entre janeiro e maio de 2025. Veja tabela abaixo: