Um levantamento feito pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP revelou que o Tocantins está entre os estados brasileiros com menor proporção de alimentos ultraprocessados na alimentação diária da população. De acordo com o estudo, apenas 12,9% das calorias consumidas no estado vêm de produtos ultraprocessados, percentual significativamente abaixo da média nacional.

Os dados, que analisaram hábitos alimentares em todos os municípios do país, apontam ainda que os municípios tocantinenses apresentaram as menores estimativas de participação calórica desses alimentos em toda a região Norte. A maior taxa no estado foi registrada na capital, Palmas, com 12,2%. Em algumas cidades, os índices ficaram ainda mais baixos: em Dois Irmãos do Tocantins e Monte Santo do Tocantins, a presença de ultraprocessados na dieta não passou de 6%.

Distribuição espacial das estimativas – Foto: Revista de Saúde Pública

Para os pesquisadores, o padrão alimentar tocantinense é influenciado por fatores como menor urbanização e renda média mais baixa em comparação a outras regiões do país, o que reduz o acesso a alimentos industrializados. Ainda assim, os especialistas ressaltam que o baixo consumo desses produtos não garante, por si só, uma alimentação saudável.

“Sabemos que essas pessoas consomem alimentos básicos como arroz, feijão, farinha e mandioca e que existe um menor consumo de ultraprocessados, mas não dá para afirmar que eles consomem, por exemplo, frutas, cereais integrais, verduras e outros alimentos que são marcadores de uma alimentação saudável”, afirma Leandro Cacau, pesquisador do Nupens e principal autor do estudo.

O levantamento também destacou os maiores consumidores de ultraprocessados no país, com destaque para as regiões Sul e Sudeste. Em Florianópolis (SC), por exemplo, 30,5% das calorias ingeridas diariamente vêm de alimentos ultraprocessados. Todas as capitais brasileiras, com exceção de Vitória (ES), ultrapassaram a marca de 20%.

A pesquisa foi baseada nos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018 e cruzada com informações do Censo de 2010. Segundo os autores, os resultados podem subsidiar políticas públicas mais eficazes de promoção da alimentação saudável, em consonância com o Guia Alimentar para a População Brasileira, que recomenda o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados.