A criação de uma base científica no norte do Tocantins está em andamento por meio de parceria entre a Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT) e a Universidade Estatal de Tyumen (UTMN), da Rússia. As duas instituições trabalham na implantação da Estação de Pesquisa e Monitoramento de Mudanças Climáticas do Bico do Papagaio, localizada no município de Esperantina. 

A iniciativa integra o memorando de cooperação assinado entre os governos brasileiro e russo no dia 8 de maio, em Moscou, e propõe a instalação de um “sítio-espelho” de estudos ambientais na Amazônia Legal, semelhante ao que já funciona na Sibéria.

O documento que oficializa o apoio institucional ao projeto foi assinado pelos ministros Valery Falkov, da Rússia, e Luciana Santos, do Brasil. A estação do Tocantins fará parte da rede internacional Polígono do Carbono, que reúne 19 pontos de observação climática distribuídos globalmente. A base científica será instalada na confluência dos rios Araguaia e Tocantins, região considerada estratégica para a realização de pesquisas voltadas a:

  • Estudos comparativos entre os ecótonos Cerrado-Amazônia e a Sibéria Ocidental;
  • Medições do balanço de gases de efeito estufa (emissão e sequestro de carbono);
  • Avaliações da biodiversidade terrestre e aquática;
  • Iniciativas voltadas à bioeconomia e à saúde única em comunidades indígenas.

Cronograma e etapas

O processo de cooperação entre as instituições teve início em 2023 e inclui os seguintes marcos:

  • Nov/2023: Primeira reunião virtual para elaboração do Memorandum of Understanding (MoU);
  • Maio/2024: Visita da delegação russa à UFNT;
  • Out/2024: Assinatura do MoU durante missão acadêmica na Rússia;
  • COP29 (2024): Apresentação do projeto em Baku (Azerbaijão);
  • Maio/2025: Inclusão no acordo intergovernamental.

Atualmente, as tratativas para liberação da área da estação seguem em curso junto à Superintendência do Patrimônio da União (SPU) e à Prefeitura de Esperantina.

Educação e Internacionalização

Além do foco em pesquisa ambiental, o projeto prevê ações na área de ensino e formação acadêmica, como:

  • Programas de intercâmbio para estudantes e pesquisadores;
  • Coorientação de teses e projetos conjuntos;
  • Oferta de cursos de língua russa na UFNT e aprimoramento do ensino de português na UTMN;
  • Realização das Escolas de Verão “Carbono Zero”.

Próximos passos

De acordo com o professor Freud Romão, coordenador do projeto pela UFNT, a nova estação permitirá a produção de dados comparativos entre regiões com diferentes características ambientais: “Teremos acesso a dados comparativos inéditos, fortalecendo a pesquisa nacional e atraindo parceiros estratégicos”.