UFT e Seduc lançam cartilha sobre Educação Bilíngue de Surdos e direitos humanos no Tocantins

A Universidade Federal do Tocantins (UFT), em conjunto com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e a Secretaria Estadual de Educação do Tocantins (Seduc-TO), disponibilizou a cartilha “Educação Bilíngue de Surdos e Direitos Humanos: A importância de um ensino em Língua Brasileira de Sinais na vida dos surdos e na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva”.

Com 20 páginas coloridas, a obra traz informações sobre a Libras como língua de instrução para estudantes surdos, ressaltando seu papel na autonomia, na construção da identidade e na inclusão social. Todos os conteúdos contam com QR Codes que levam a vídeos em Libras, ampliando a acessibilidade.

O material apresenta conceitos fundamentais da Educação Bilíngue de Surdos, aborda sua base legal e destaca a trajetória do movimento surdo no Brasil. A cartilha inclui relatos de familiares sobre mudanças na vida escolar e social de filhos e netos em ambientes bilíngues, além de oferecer orientações práticas para políticas educacionais mais inclusivas.

Amoriana Borges de Araújo, gerente de Educação Bilíngue de Surdos da Seduc-TO, afirma: “A cartilha oferece a oportunidade de conhecer a Educação Bilíngue de Surdos e seu significado para a vida de estudantes surdos e suas famílias. Ela reforça que a Libras é o idioma natural dos surdos e deve ser valorizado. A educação bilíngue não é segregação, mas uma forma de inclusão. Ao valorizar a Libras e a cultura surda, essa modalidade de ensino garante a autonomia, a identidade e a inclusão desses estudantes.”

O professor e pesquisador Bruno Carneiro, do curso de Letras-Libras e do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFT, comenta que a cartilha une legislação e vivência da comunidade surda. “Atualmente, o Brasil está se organizando para a oferta da modalidade de Educação Bilíngue de Surdos, que se baseia em um currículo específico, na Libras como língua de instrução em sala de aula e no contato surdo-surdo, o que demanda espaços próprios e professores surdos. Esses princípios representam o ponto máximo da inclusão na educação de surdos. A cartilha apresenta esses princípios de maneira criativa e acessível, detalhando o tema com base na legislação vigente, na agenda dos direitos humanos e, sobretudo, nas experiências dos surdos. A intenção é que um número maior de pessoas compreenda esses princípios, para que os ouvintes se tornem aliados de uma pauta essencial para os surdos: o direito de serem educados em sua própria língua, a Libras. Todo povo tem o direito de ter uma escola organizada a partir de seu idioma.”

Ferramenta de conscientização

Segundo os autores, a cartilha busca refletir sobre o direito dos surdos a uma educação em sua língua e sobre a responsabilidade da sociedade em valorizar a Libras e a cultura surda.

O material foi produzido no âmbito do projeto “Formação de profissionais da educação para implantação de uma Educação Bilíngue de Surdos no Tocantins”, com coordenação dos professores Bruno Gonçalves Carneiro e Felipe de Almeida Coura (UFT), da professora Amoriana Borges de Araújo (Seduc-TO) e do professor Saulo Henrique dos Santos (UFT). A edição de texto ficou a cargo de Daniel dos Santos e o projeto gráfico foi desenvolvido por Paulo Ronter.