Relatório aponta presença de facções em 17 municípios do Tocantins; PCC e CV disputam território em Palmas e Araguaína
20 novembro 2025 às 10h45

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Nesta quarta-feira, 19, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) divulgou um estudo sobre o avanço das facções criminosas na Amazônia Legal. O lançamento da pesquisa ocorreu em evento realizado no pavilhão da Fundação Ford na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém.
A 4ª edição da pesquisa Cartografias da Violência na Amazônia identificou 17 municípios tocantinenses com atuação de facções criminosas, o equivalente a 12% das cidades do estado. Em 14 deles há apenas um grupo operando, enquanto três apresentam disputa territorial.
Segundo o documento, quatro organizações atuam no estado: Comando Vermelho (CV), Primeiro Comando da Capital (PCC), Amigos do Estado (ADE), presente em Almas, e o Bonde do Cangaço, identificado em Taguatinga. As tensões mais graves ocorrem em Palmas e Araguaína, onde CV e PCC travam disputa direta por domínio territorial.

O levantamento inclui cidades como Alvorada, Gurupi, Paraíso do Tocantins, Porto Nacional, São Bento do Tocantins, Xambioá, Araguatins e Miracema do Tocantins. A capital, Palmas, aparece como área de conflito entre as principais facções do país.
Corredor para o tráfico
O relatório ressalta que o Tocantins assumiu papel estratégico na conexão entre a Amazônia e as regiões Centro-Sul, situação que tornou o estado importante corredor de circulação de drogas. O documento atribui o avanço das facções ao uso crescente das rodovias estaduais para movimentar cargas ilícitas disfarçadas em produtos legais.
Contexto amazônico
O avanço das facções no Tocantins acompanha o cenário mais amplo da Amazônia Legal, segundo o relatório, onde o crime organizado já alcança 45% dos municípios. O estudo divulgado na COP30 aponta que a presença de grupos criminosos na região cresceu 32% em um ano, passando de 260 para 344 cidades. A expansão está ligada ao controle de rotas fluviais, aéreas e terrestres, além da intersecção com crimes ambientais.
De acordo com os pesquisadores, essa dinâmica afeta diretamente os estados que funcionam como ligação entre a floresta e o restante do país, caso do Tocantins e do Maranhão, ambos apontados pelo relatório como essenciais para a circulação de drogas destinadas ao consumo nacional e ao tráfico internacional.
Resposta integrada
O documento conclui que a presença crescente das facções no Tocantins, associada à posição geográfica estratégica do estado, exige ações coordenadas que envolvam policiamento, inteligência, vigilância de fronteira, combate ao garimpo e políticas de proteção territorial. O cenário descrito pelo estudo coloca o Tocantins no mapa das principais rotas do crime organizado na Amazônia e reforça a necessidade de respostas rápidas e estruturadas.

