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Chuvas reduzidas podem afetar níveis de umidade no solo, especialmente na região do Matopiba

Nos últimos dias, o município chegou a liderar o ranking das maiores temperaturas do país

“Todos os esforços e auxílios são válidos para recuperar as cidades, mas acima de tudo, salvar o povo gaúcho dessa tragédia climática ocorrida nos últimos dias.
O maior problema é a logística de distribuição, após a chegada das doações” disse à nossa reportagem, o ex-secretário de saúde do Tocantins, Edgar Tollini. Convidado/Convocado para ser voluntário deste movimento humanitário, o médico aceitou o desafio. O grupo envolve grandes empresários de todo o Brasil, proprietários de aeronaves, que estão levando para o Rio Grande do Sul – basicamente – medicamentos, insumos e correlatos. Tollini é, atualmente, o responsável pela logística de recepção, como também, fazer com que as doações cheguem até os verdadeiros desabrigados do Rio Grande do Sul.

O caos é completo. O aeroporto está inundado e há corpos em decomposição no subsolo, sendo impossível, por enquanto, resgatá-los, face ao volume de águas. “A Ulbra, entidade educacional de origem riograndense, acolheu mais 8 mil pessoas e mais de 2 mil animais domésticos nos ginásios dos seus Câmpus. O estado de emergência é latente, havendo, inclusive, o início de um surto de sarna, situação que chega próxima a um colapso sanitário” relatou Tollini a nossa equipe. A cúpula do governo gaúcho, em parceria com aquela Universidade, está apoiando a abertura de mais um centro de acolhimento na capital, Porto Alegre, para aquelas mães e crianças em situação de vulnerabilidade.

Resgate do time da Chapecoense e ação humanitária na Colômbia fazem parte do currículo
Todos os esforços visando evitar tragédias ainda maiores estão sendo executados. Segundo o médico, já foram realizadas mais cinquenta viagens para os aeroportos que possuem condições de pouso e decolagem. O trabalho é totalmente voluntário, não havendo quaisquer remunerações. Edgar Tollini já havia participado, como diretor responsável pela FNS – Força Nacional do SUS, de outra ação humanitária: comandou e coordenou a equipe que avaliou os impactos e resgatou os sobreviventes do acidente aéreo com a equipe da Chapecoense ocorrido na Colômbia, em novembro de 2016. Ele também, articulou e organizou toda tramitação para o traslado dos corpos daqueles que sucumbiram, à época.


As chuvas torrenciais, que caem desde o início do mês de maio no Rio Grande do Sul, deram início a uma série de enchentes em vários rios e localidades, resultando num grande saldo de mortos desaparecidos e desabrigados. O cenário é catastrófico. A região sul do país – como um todo – tem sido castigada pela natureza nos últimos anos, entretanto, a enchente de 2024 já é considerada a maior, desde o desastre atmosférico ocorrido em 1941. As fortes precipitações arrasaram boa parte do Estado, segundo informações divulgadas pela própria Diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial do Serviço Geológico do Brasil. O governo estadual divulgou que já foram registradas dezenas de mortes, o rompimento de uma barragem, além de mais de 32 mil pessoas desalojadas, ante aos desmoronamentos. Infelizmente, esses números ainda podem aumentar.
A população brasileira assiste, atônita, a força e a velocidade das águas que arrastaram e derrubaram facilmente casas, prédios comerciais, encostas e outras estruturas – tanto artificiais, quanto naturais. Também é possível verificar o desespero da população que, naturalmente, não sabe como agir diante da tragédia. Muitos bairros e até cidades ficaram em completo isolamento com a queda de barrancos nas rodovias, destruição de pontes que foram levadas pelas águas lamacentas.
Precipitação pluviométrica atingiu limite extremo inédito no século XXI
Desde segunda-feira, 29, a região já recebeu algo em torno de 300 milímetros (mm) de chuva em média. Para que o leitor entenda melhor a gravidade dessa quantidade de água, como também, o impacto que ela gera, é primordial compreender as características da precipitação pluviométrica, ou seja a quantidade de chuva que cai em uma determinada área. A unidade de medida padrão para a quantidade de chuva é 1 mm. Cada 1 mm de chuva representa 1 litro de água que cai em 1 m² de superfície. Dessa forma, se choveu 300 mm naquela região, significa que houve uma precipitação de 300 litros de água por metro quadrado. Se analisarmos a metragem quadrada de cada uma das localidades atingidas, não é difícil concluir que o cenário é trágico e perturbador.
Desequilíbrio ambiental seria uma das razões do desastre
Questiona-se o que pode ter colaborado para que as chuvas de 2024 no Rio Grande do Sul fizessem tanto estrago. Inicialmente, constata-se que Estado possui várias regiões ricas em rios, córregos, ribeirões e lagos, além das cabeceiras de vários deles, sem falar da Serra do Mar, localizada mais ao norte. Tudo isso são vertentes reais que sérios problemas podem ocorrer, em caso de chuvas torrenciais.
Especificamente no Rio Grande do Sul, há três fatores que – combinados às mudanças climáticas que o globo terrestre experimenta – podem causar os fenômenos que tem assolado a região. Dentre eles, uma corrente intensa de vento, tornando o tempo instável, denominada de “Cavado”; o corredor de umidade da Amazônia, que contribuiu para aumentar a força da chuva e, por fim, o bloqueio atmosférico, que é um reflexo da onda de calor que concentrou as chuvas nos extremos do país. Especialistas afirmam que a soma desses fatores contribuiu fortemente na intensificação da precipitação, o que levou à atual situação de calamidade pública.
O aquecimento global e as mudanças climáticas que temos sofrido nos últimos anos, tem um papel significativo em todos os fenômenos climáticos extremos que vários países e regiões vivenciam de tempos em tempos. O calor da terra e das águas dos oceanos impacta a atmosfera terrestre tornando os eventos climáticos mais intensos.
As águas dos mares mais quentes geram energia para a formação das chuvas, levando a níveis nunca antes vistos. Finalmente, a região sul do Brasil possui condições favoráveis para tempestades que, aliadas ao aquecimento global, tem capacidade de transformar eventos isolados em catástrofes.
Sob risco e em estado de alerta, autoridades tentam isolar fontes de energia elétrica
Uma das preocupações dos governos – federal e estadual – são as barragens artificiais construídas para suprir as necessidades de cada região. Elas ficaram comprometidas ou cederam, como ocorreu na região de Bento Gonçalves-RS. Essa barragem sofreu erosão da margem direita e, por isso, muitas famílias foram deslocadas da região. Diferente das barragens de rejeitos de minério como as que provocaram as tragédias em Minas Gerais, as principais estruturas sob risco são de usinas hidroelétricas. As barreiras represam a água de rios para a geração de energia, portanto, uma forte preocupação por parte das autoridades em relação às demais barragens espalhadas pelo Estado. Preventivamente, a Defesa Civil já emitiu alerta e determinou a evacuação de comunidades em sete cidades circunvizinhas àquelas barragens.
Fortalecimento de ações governamentais e cooperação de outros Estados
O governo do Estado do Rio Grande do Sul emitiu estado de alerta e tem tomado todas as providências para o resgate das vítimas. O decreto de calamidade pública ressalta danos humanos e materiais significativos causados por alagamentos, granizo, inundações, entre outros, classificados como desastres de nível III. Assinado pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), o decreto determina apoio às áreas afetadas pela administração pública estadual, em cooperação com a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil, e permite solicitações semelhantes por municípios, sujeitas à avaliação e homologação pelo Estado. A determinação vai vigorar por 180 dias, utilizando a Codificação e a Classificação Brasileira de Desastres (Cobrade) para identificar o evento como código 1.3.2.1.4 (chuvas intensas dentro de tempestades).
Os governadores de vários Estados brasileiros manifestaram apoio e solidariedade. Ao todo, nove estados enviaram efetivos militares e veículos para reforçar as operações, entres os quais Minas Gerais, Goiás, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Bahia. Países vizinhos, como Uruguai e Argentina, também ofereceram auxílio.
Já o Estado do Tocantins, por exemplo, ofereceu ajuda por meio do destacamento de integrantes do Corpo de Bombeiros Militar e sua equipe de Busca, Resgate e Salvamento com Cães (SBRESC), vinculada à Companhia Independente de Busca e Salvamento (Cibs), que contém atualmente quatro Binômios de busca (Bombeiro Militar+Cão). A equipe tocantinense aguarda apenas a resposta do governo rio-grandense para integrar a força-tarefa que já se encontra nos locais de resgate.

Equipes da Ageto já trabalham no local mas previsão é que o bloqueio permaneça até sábado