Aleto confirma retirada de pedido de impeachment contra Laurez; “Entrei só e saí só”, diz autor
14 novembro 2025 às 10h03

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A Assembleia Legislativa do Tocantins (Aleto) confirmou que foi protocolado um documento pedindo a retirada do pedido de impeachment contra o governador em exercício Laurez Moreira (PSD). A informação foi enviada pela Coordenadoria de Imprensa e Divulgação na manhã desta sexta-feira, 14. O documento já foi encaminhado ao Gabinete da Presidência.
O pedido original havia sido apresentado na terça-feira, 11, pelo advogado Fábio Natiêr, presidente da Comissão de Direito Eleitoral e Municipalista da OAB de Araguaína. Com ele, a Aleto passou a somar seis pedidos de impeachment em análise: cinco contra o ex-governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) e um contra Laurez. Nenhum chegou a ser votado.
Pedido questionava exonerações, nomeações e decreto de emergência
No documento inicial, Natiêr apontava o que classificava como “descontinuidade administrativa” e demissões em larga escala desde o início da gestão. Segundo ele, 5.871 servidores haviam sido exonerados, com média de quase 90 desligamentos por dia útil, enquanto 2.276 contratações já teriam sido efetuadas.
Ele também contestava o decreto de emergência financeira e a nomeação de Juarez Moreira, filho do governador, para o secretariado — ato que, segundo ele, não atenderia aos critérios fixados pelo Supremo Tribunal Federal para situações de nepotismo em cargos políticos. Outro ponto questionado era o uso supostamente irregular das redes sociais institucionais do governo.
Autor confirma retirada e diz que ficou isolado: “Fui crucificado”
Em mensagens enviadas ao Jornal Opção Tocantins nesta sexta-feira, 14, o advogado confirmou que decidiu desistir do pedido. Ele negou que a decisão esteja ligada aos desdobramentos da Operação Fames-19. “Confirmo, e não tem a ver com a operação.”
Ao explicar a desistência, Natiêr relatou ter se sentido isolado após o protocolo: “Tentei fazer algo de bom para o povo, para as famílias que perderam seus empregos, mas fui crucificado. Então resolvi deixar essa guerra que não me pertence. Entrei só, fiquei só e saí só.”
Ele afirmou que seu objetivo inicial era abrir o debate sobre as exonerações: “Quis chamar atenção para essa problemática das grandes exonerações. Abrimos uma porta que ninguém abriu. Fiz com sacrifício, inclusive da minha honra e nome. Cumpriu o papel, mas não foi para frente.”
O advogado destacou que não possui vínculo partidário: “Eu nem político sou. Sou concursado. Entenderam tudo errado, distorceram o meu gesto.”
“Não me arrependo”
Mesmo com a retirada, Natiêr afirma que não se arrepende de ter apresentado o pedido: “Não me arrependi nem um pouco. As pessoas demitidas precisavam de voz e rosto; eu fui e dei a cara pra bater. Sofri pressões, mas ninguém aproveitou a oportunidade de levar o tema ao debate. Não se luta uma guerra sozinho.”
