Aliados de Wanderlei devem transformar Assembleia em campo de defesa e sustentar narrativa de perseguição após afastamento

04 setembro 2025 às 09h49

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A trincheira política de Wanderlei Barbosa (Republicanos), afastado do governo por decisão do Superior Tribunal Justiça (STJ) na segunda fase da Operação Fames-19, deve ser a Assembleia Legislativa do Tocantins. O espaço é comandado pelo seu aliado Amélio Cayres (Republicanos) e reúne uma base consistente: o partido do governador tem sete deputados, incluindo o filho, Léo Barbosa (Republicanos). Além deles, nomes como Ivory de Lira (PCdoB) e Cláudia Lelis (PV), próximos a Wanderlei, devem reforçar o discurso de resistência.
A expectativa é que os deputados encampem a narrativa de perseguição política contra o governador, numa tentativa de manter o apelo popular. A estratégia lembra, em parte, o episódio que envolveu o atual prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos), afastado e preso por decisão do STF, mas que retornou ao cargo em apenas 20 dias. Eduardo voltou mais forte, embalado pelo sentimento de injustiça despertado pela prisão e até por complicações de saúde durante o período. A diferença é que, no caso dele, a narrativa se consolidou de forma espontânea, enquanto aliados de Wanderlei ensaiam criar esse mesmo ambiente.
O campo de batalha, portanto, será a própria Assembleia Legislativa. Deputados governistas devem tentar esvaziar qualquer discussão sobre impeachment de Wanderlei, ao menos neste primeiro momento. A linha de defesa deve se concentrar em martelar a tese da perseguição, buscando preservar a popularidade do governador até que haja espaço político e jurídico para tentar reverter o afastamento.
Outro ponto de peso é que boa parte da base também foi alvo da operação. O presidente da Casa, Amélio Cayres, o deputado Léo Barbosa e outros aliados próximos tiveram celulares e documentos apreendidos pela Polícia Federal. O cenário reforça a tendência de defesa em bloco, já que a sobrevivência política de todos é colocada à prova antes mesmo das eleições de 2026.