Base governista de Wanderlei Barbosa perde ritmo e gera incerteza em nomes que se articulavam para 2026

30 setembro 2025 às 10h55

COMPARTILHAR
O afastamento do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), pelo STJ, sob suspeita de desvio de recursos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia, produziu um efeito cascata na cena política tocantinense. Até então, a base governista operava com forte visibilidade: agendas constantes ao lado do governador, campanhas intensas nas redes sociais, viagens pelo interior, lançamentos e entregas de obras, além de presença em eventos esportivos, shows, exposições agropecuárias e na temporada de praia. Essa estratégia garantia projeção a secretários, deputados e aliados municipais, funcionando como vitrine para 2026.
O principal prejudicado nesse processo é o presidente da Assembleia Legislativa, Amélio Cayres (Republicanos). Até então tratado como aposta de Wanderlei para 2026, ele perdeu lastro político desde a saída do aliado do governo. Hoje, dentro e fora da Assembleia, há quem descarte completamente seu nome na disputa pelo executivo estadual.
A crise não atingiu apenas Amélio. Secretários e figuras próximas ao núcleo duro de Wanderlei viram planos eleitorais para 2026 desmoronar ou pelo menos perder ritmo. A secretária da Governadoria, Kátia Chaves, que se articulava para uma candidatura a deputada estadual, perdeu o respaldo político que mantinha por meio da relação estreita com o casal Wanderlei e Karynne Sotero. Sem a estrutura do Palácio, até o momento, a ligação pessoal com a ex-primeira-dama, com quem chegou a dividir sociedade em Palmas, pode não ser suficiente para que a candidatura siga.
Outro caso é o de Atos Gomes, secretário de Esportes e Juventude e presidente do Jovem Republicanos. Ligado diretamente ao filho do governador, o deputado estaudal Léo Barbosa (Republicanos), Atos trabalhava a consolidação de seu nome para 2026, mas sem a estrutura governista o projeto perdeu tração. Na mesma pasta, o superintendente Raul Cayres, filho de Amélio, era visto como herdeiro político do pai. Afastado o governador, a leitura é de que o clã Cayres reveja seus passos para o pleito do ano que vem.
No campo da Educação, Fábio Vaz, ex-prefeito de Palmeirópolis e secretário de Wanderlei, vinha sendo projetado como liderança emergente da base. Sem o apoio direto do governador, sua exposição diminuiu. Situação parecida ocorre com Hercy Filho, secretário de Turismo, pasta que historicamente dá visibilidade a quem a comanda pela proximidade com prefeitos e deputados em eventos estratégicos como festas municipais e temporadas de praia. O enfraquecimento do governo reduziu o peso político de sua atuação.
Na esfera municipal, nomes que orbitavam em torno do grupo de Wanderlei também recuaram. A vereadora de Palmas Karina Café (Republicanos), esposa do então secretário de Agricultura e Pecuária, Jayme Café, era lembrada para uma disputa estadual, mas sem o suporte da estrutura estadual a ideia passou para o campo da cautela.
Efeito
Em resumo, o afastamento de Wanderlei, até aqui, não apenas derrubou sua estratégia de construir um sucessor, mas também paralisou os projetos de aliados que dependiam da força da máquina estadual para alcançar projeção eleitoral. O efeito imediato é uma reacomodação forçada de lideranças que agora precisam buscar alternativas fora do círculo de influência do governador afastado.