O deputado federal Alexandre Guimarães (MDB), em seu primeiro mandato, já trabalha abertamente a pré-candidatura ao Senado em 2026. Mesmo sem a mesma trajetória longa de outros nomes cotados para a disputa, Alexandre aposta no discurso firme, na montagem de base e na visibilidade como presidente estadual do MDB para buscar um lugar entre os grandes caciques do Tocantins. A corrida será acirrada: com duas vagas em jogo, a disputa envolve os senadores Eduardo Gomes (PL) e Irajá Abreu (PSD), que indicam intenção de reeleição; os deputados federais Gaguim (UB) e Vicentinho Júnior (PP), além da possibilidade do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) entrar na disputa, e, se isso acontecer, restará apenas uma vaga com real disputa entre os demais.

Mesmo diante desse cenário apertado, Alexandre age com estratégia. Antes de anunciar sua pré-candidatura, amarrou sua estrutura política colocando o irmão, Raul Guimarães, como pré-candidato a deputado federal. Com isso, garantiu um ponto de retorno, caso precise recuar, sem perder o espaço construído no MDB e nas alianças municipais. A iniciativa reduz o risco de esvaziamento de sua base, pois inibe que aliados migrem para outras pré-candidaturas à Câmara, mantendo o campo de influência sob controle. Ao mesmo tempo, segue rodando o estado com o projeto MDB Presente, com o qual busca reanimar o partido e projetar sua liderança estadual. No Bico do Papagaio, ele encerrou recentemente uma série de agendas políticas com adesões de prefeitos, vices e lideranças regionais.

No evento de Augustinópolis, marcado por discursos inflamados, Alexandre ouviu de Amélio Cayres (Republicanos) a declaração de apoio público à sua candidatura ao Senado. Alexandre agradeceu, adotou tom de soldado leal, mas manteve a firmeza de quem busca espaço. Usa expressões como “não temos medo, nem preguiça” e diz estar pronto para “colocar os coturnos antes da alvorada”, em referência à disposição de seguir o projeto majoritário do grupo. Ele sabe que, nesse ambiente, é preciso mostrar coragem, mas também saber recuar, caso o grupo defina outra composição.

Em outra frente, Alexandre mantém atuação ambígua no Congresso. Votações contrárias ao governo Lula se acumulam, ao mesmo tempo em que posa ao lado do ministro das Cidades, Jader Filho, do MDB, com quem diz manter relação próxima. No Tocantins, tem assumido a imagem de articulador da política habitacional, associando sua atuação a entregas concretas, como forma de contrabalançar o desgaste que um mandato jovem pode sofrer diante de adversários mais experientes. Na eleição presidencial de 2022, fez campanha abertamente para Jair Bolsonaro e gravou vídeo declarando “apoio integral” à reeleição do ex-presidente.

Alexandre Guimarães é um nome novo que tenta crescer onde já há gente grande posicionada. Ainda é cedo para saber se o MDB terá densidade suficiente para levá-lo ao Senado, mas o que está claro é que ele montou uma estrutura onde, ganhando ou recuando, pretende seguir relevante. Tem base, discurso alinhado e senso de autopreservação. No Tocantins, onde as composições se definem menos por fidelidade ideológica e mais por cálculo eleitoral, essas três qualidades costumam pesar bastante.