A retomada dos trabalhos legislativos na Câmara Municipal de Palmas, nesta terça-feira, 5, foi marcada por alguns embates e marcação de posição em relação ao restante do ano. Na oposição ao prefeito Eduardo Siqueira Campos desde o início do mandato, o vereador Vinicius Pires (Republicanos) subiu o tom contra a atual gestão municipal, principalmente em relação a saúde pública, e cobrou compromissos de campanha que não estariam sendo cumpridos. Na defesa do prefeito, vários vereadores, entre eles, Walter Viana (PRD), líder do governo.

Vinicius Pires subiu à tribuna para reafirmar sua posição como opositor e criticou a ausência de diálogo com o executivo, além de listar diversas promessas não cumpridas. Vinicius lembrou que sua atuação como opositor não começou de forma repentina, mas foi construída ao longo do tempo, especialmente pela ausência de diálogo com o executivo. Disse ter procurado o prefeito Eduardo Siqueira Campos por diversos meios, inclusive pessoalmente, para tratar da saúde pública, mas não obteve retorno.

“O primeiro semestre eu fui vereador da oposição. No segundo semestre continuo vereador da oposição. Minha oposição é oposição a ideias, não à pessoa do prefeito Eduardo, não à pessoa da secretária da Saúde, Jennie Kaminski. É oposição em relação às ideias. Por quê? Eu venho aqui cobrar as promessas que foram feitas pela gestão”, disse.

O parlamentar seguiu listando promessas de campanha que, segundo ele, não saíram do papel, como a construção da Prefeitura no Bosque dos Pioneiros, da Escola Técnica Federal na região sul, de uma UPA em Taquaralto, de novos CEMs e escolas em tempo integral, além da maternidade e hospital municipal.

Nós vivemos uma cidade onde o orçamento é de 2,7 bilhões. Araguaína tem um orçamento anual de 1,4 bilhões. Araguaína tem um hospital municipal. Araguaína faz cirurgia cardíaca em crianças e bebês. Palmas, com o novo orçamento, não faz. Palmas não tem nem pronto-socorro infantil. […] Em vez de tentar só a via política, eu dessa vez vou ser mais incisivo. Vou acionar o Tribunal de Contas do Estado, o Ministério Público Estadual, o Ministério Público Federal e o Tribunal de Contas da União.

Vinicius também criticou a ausência do prefeito na reabertura dos trabalhos legislativos, afirmando que o chefe do Executivo deveria ter prestigiado a sessão como forma de respeito institucional. Ele destacou que, em uma reunião realizada no dia anterior com vereadores da base governista, o próprio prefeito também não compareceu, enviando apenas o chefe de gabinete para representá-lo.

O mínimo de prestígio essa Câmara de Vereadores que tanto concedeu ao prefeito devia estar prestigiando essa população.”

Walter Viana rebate acusações

Na sequência, o líder do governo, Walter Viana, utilizou a tribuna para defender a gestão e rebater os apontamentos do colega.

E dizer que vereador Vinicius Pires, a oposição ela faz parte, o debate é democrático e assim tem que ser. A oposição é muito bem-vinda, ela tem o seu papel, ela tem a sua importância. Mas me permita discordar. Vossa Excelência só vem nessa tribuna para cobrar compromisso de campanha e um mandato que não tem 7 meses. Passa ao cúmulo da incoerência. O mandato que nós somos eleitos, inclusive o senhor aí, todos nós, é um mandato de 4 anos.

Walter destacou que obras e promessas exigem tempo para serem cumpridas e insinuou incoerência nas críticas de Vinicius. Além disso, o parlamentar afirmou que estranhava a postura do colega, pois, embora ele alegasse exercer o papel de vereador de oposição, parecia haver um problema pessoal com o prefeito Eduardo Siqueira Campos.

Ele observou que, logo após o afastamento de Eduardo por decisão do STF, o vereador esteve ao lado do prefeito interino, o vice Carlos Velozo (Agir), participando de um ato de entrega,e, agora, criticava a inauguração de uma avenida considerada importante para a região norte. O parlamentar ainda lembrou que o colega havia colaborado com a gestão interina e intervindo em casos relevantes durante os 20 dias em que Carlos Velozo esteve à frente da prefeitura.

O líder governista também rebateu as críticas sobre a ausência do prefeito na Câmara e citou as obras em andamento na área da saúde.

A saúde não é um tema fácil, a saúde é complexa, ela não se resolve da noite para o dia. Temos em andamento a reforma de vários locais: Taquaruçu Grande, Santa Bárbara, 406 Norte, Jardim Aureny III. Temos várias ações com ordem de serviço para inaugurar. O prefeito já recebeu 22 vereadores no auditório. Ao longo dos próximos meses, terá ainda mais tempo para provar que Palmas tem uma visão diferente.

Indicação não atendida

Na tribuna da Casa de Leis Municipal, o vereador Waldson da Agesp (PSDB) também saiu em defesa do prefeito e chegou a afirmar que a oposição de Vinicius se dava por conta do prefeito não ter atendido um pedido do vereador sobre a indicação para o comando da saúde de Palmas, atualmente chefiada por Jennie Kaminski, que seria uma indicação da filha do prefeito, Gabriela Siqueira.

Crescimento da oposição

Ao final da sessão, o vereador Vinicius conversou com exclusividade com o Jornal Opção Tocantins. Ele criticou a falta de propostas concretas da atual gestão, especialmente nas áreas da saúde e educação, e afirmou que seguirá atuando com coerência e responsabilidade política no segundo semestre.

“Sobre a questão da postura, eu vou manter a coerência. Assumi a condição de vereador da oposição e sigo firme nessa posição, baseada em propostas e medidas concretas em relação à gestão. Neste segundo semestre, vou reforçar ainda mais minhas posições, porque, infelizmente, áreas fundamentais como saúde e educação continuam sem atenção e sequer são debatidas de forma séria. O que vemos são ataques pessoais, mas nenhum enfrentamento real sobre bandeiras políticas. A verdade é que sequer existe um projeto do Hospital Municipal de Palmas”, afirmou.

E vou além: afirmo com convicção que o prefeito Eduardo Siqueira Campos não consegue entregar essa obra neste mandato.

Ao comentar críticas de colegas governistas, Pires também avaliou que a oposição tende a crescer diante do que classificou como descumprimento de promessas por parte do Executivo.

“Acredito, sim, que a oposição possa crescer neste segundo semestre. Como disse hoje na tribuna, muitas promessas da atual gestão não foram cumpridas. É natural que vereadores que hoje compõem a base do prefeito, ao perceberem que o projeto em curso não é de gestão, mas sim de poder, comecem a rever suas posições. Quando os compromissos com a cidade não são respeitados, dificilmente os compromissos com os próprios vereadores serão. Por isso, é possível que a oposição ganhe força, porque quem está ao lado da população, precisa cobrar resultados de verdade”, finalizou.