Racha no governo interino de Palmas expõe fragilidade da aliança após afastamento de Eduardo Siqueira Campos

01 julho 2025 às 23h01

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A prisão do prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos), mal completou uma semana e já provoca abalos na estrutura de confiança da gestão. O prefeito em exercício, pastor Carlos Velozo (Agir), iniciou mudanças inesperadas no alto escalão, contrariando promessas feitas aos próprios aliados.
Na noite desta terça-feira, 1º, Carlos Antônio da Costa Júnior acabou exonerado do cargo de Secretário-Chefe do Gabinete do Prefeito. Em nota, ele afirmou ter sido surpreendido com a demissão e criticou a mudança de postura do gestor interino, que havia garantido, um dia antes, que não faria alterações no secretariado. A saída de Carlos Júnior, homem de confiança de Eduardo e amigo pessoal da família Siqueira Campos, escalonou um desgaste político precoce na transição forçada do comando da capital.
Também teve a exoneração confirmada o procurador-geral do Município, Renato de Oliveira. Segundo Carlos Júnior, as demissões teriam sido feitas a pedido do Agir, partido ao qual Velozo é filiado e que, agora, tenta ocupar espaços estratégicos na máquina municipal. Mudanças em outras pastas estratégicas, como Casa Civil, podem ser feitas.
O Agir no Tocantins é controlado por um grupo político ligado à Assembleia de Deus, com influência direta do pastor Amarildo Martins, pai do deputado federal Filipe Martins (PL) e do pastor André Martins dos Santos, que chegou a presidir o partido no estado. O ex-governador Mauro Carlesse também é filiado à legenda.
Antes de ser preso, Eduardo Siqueira chegou a avaliar mudanças na gestão da Educação Municipal, atualmente sob o comando de Débora Guedes, também ligada ao grupo de Amarildo e Filipe Martins, todos da mesma igreja. A substituição vinha sendo cogitada internamente como forma de reequilibrar o peso político dentro da gestão, mas agora, com Eduardo afastado do poder, esse plano pode ter ido por água abaixo, ou sido entregue de bandeja aos novos articuladores.
A movimentação acendeu o alerta de que a aliança que venceu as eleições municipais pode estar se desfazendo rapidamente, abrindo espaço para reacomodações partidárias. Carlos Júnior, que também é secretário-geral do Podemos Metropolitano, deixou claro que a partir de agora vai se dedicar exclusivamente à luta pela liberdade de Eduardo Siqueira.
O discurso de continuidade adotado por Carlos Velozo, pelo visto, durou menos de 24 horas. E a promessa de estabilidade administrativa também parece estar com os dias contados.