O afastamento de Eduardo Siqueira Campos (Podemos) da Prefeitura de Palmas, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), abriu espaço imediato para uma nova configuração de poder na capital. Com a posse interina de Carlos Eduardo Velozo (Agir), grupos políticos passaram a ocupar o centro das decisões, especialmente o grupo ligado ao pastor Amarildo Martins da Silva.

A movimentação mais visível é o fortalecimento da família de Amarildo na máquina municipal. Filipe Martins (PL), deputado federal e filho do pastor, emplacou o novo secretário de Habitação, Jandir Vasconcelos. A nomeação consolida o avanço político do grupo, que também indicou a nova procuradora-geral do Município, Priscila Alencar Veríssimo, sobrinha de Dalide Barbosa Alves Corrêa, nome forte do grupo Monte Sião, que já esteve à frente do segmento de mulheres do Agir.

Com essas mudanças, o grupo religioso, que já havia lançado em maio a pré-candidatura de Débora Guedes (secretária de Educação de Palmas) a deputada estadual e articulava a reeleição de Filipe Martins, ganha agora um reforço institucional de peso. A Prefeitura de Palmas passa a ser vitrine e campo de visibilidade para os dois pré-candidatos, o que amplia suas chances na disputa de 2026, com possibilidade de surgirem novos nomes, caso o interino siga no comando do Paço Municipal.

Enquanto esse grupo avança, outros recuam. O deputado federal Vicentinho Júnior (PP), aliado histórico de Eduardo Siqueira Campos e figura com ampla capilaridade política no estado, havia conquistado espaço relevante na gestão de Siqueira. A proximidade entre ele e Eduardo é antiga e de natureza tanto política quanto familiar, o que lhe garantiu influência direta em secretarias da capital. Com o afastamento de Eduardo, Vicentinho retirou seus indicados da gestão interina, sinalizando desalinhamento com os rumos tomados por Carlos Velozo.

A Capital, maior colégio eleitoral do Tocantins, funcionava como uma base de apoio adicional para as pretensões de Vicentinho em 2026, entre elas a disputa ao Senado. Agora, com a mudança de comando, o cenário se torna mais incerto. Os planos traçados ao lado de Eduardo entram em compasso de espera, dependendo do desfecho do caso no STF e de uma eventual recondução do prefeito ao cargo.

Ao mesmo tempo, o Agir, partido sem presença eleitoral relevante nas eleições municipais de 2024, conquista espaço institucional. Além da chefia da prefeitura, o partido emplacou Fábio Bernardino, seu vice-presidente nacional, no comando da Secretaria de Representação em Brasília. Embora Bernardino não tenha vínculos públicos com Carlos Velozo nem ligação direta com Eduardo, sua presença no núcleo administrativo amplia a projeção nacional da gestão interina. A indicação de Bernardino também pode ter ocorrido sob a bênção do grupo Monte Sião.

No resumo, a decisão do STF resultou na ascensão de um grupo com projeto político definido para 2026 e na retração de outro que vinha construindo influência com base em alianças consolidadas.