“Uma vida dedicada às pessoas.” É com essa frase que a ex-senadora e ex-ministra da Agricultura, Kátia Abreu, se apresenta em um de seus perfis nas redes sociais. Hoje, mais do que em sites jornalísticos, é nesse espaço virtual que se pode acompanhar suas posições, análises e recortes de rotina. Distante dos microfones e entrevistas, que, segundo a própria, não concede há pelo menos três anos, Kátia constrói no ambiente digital uma vitrine que mistura o pessoal e também lembra a mulher dos tempos em que frequentava Brasília como uma das vozes mais influentes da política nacional.

Nas redes, a ex-senadora evita mergulhar nos temas da política tocantinense, sua base, onde sempre foi considerada uma das grandes articuladoras. Ela mesma já disse não ocupar mais esse papel. Em contrapartida, Kátia dedica espaço para comentar assuntos de impacto nacional: a política econômica, o câmbio do dólar, decisões do Supremo Tribunal Federal, a atuação do ex-presidente Jair Bolsonaro, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e, em retrospectiva, até passagens da gestão Dilma Rousseff, da qual fez parte como ministra da Agricultura. Em meio a esses temas, amigos e familiares aparecem com frequência.

A ex-ministra também abre espaço para registros de confraternização, como nos aniversários do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles e do empresário Jorge Paulo Lemann, economista suíço-brasileiro e terceiro homem mais rico do Brasil, com fortuna estimada em R$ 91,8 bilhões, segundo a revista Forbes. São sinais de que, mesmo sem cargo eletivo, Kátia mantém trânsito em círculos de peso no cenário econômico e político.

Quando fala sobre Tocantins, suas manifestações sempre chamam atenção. Foi o que ocorreu durante a prisão e posterior soltura do prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos, detido no fim de junho e liberado 20 dias depois por decisão do STF. Kátia saiu em defesa do prefeito e acabou associada, mais uma vez, ao grupo de articulação que trabalhou pela sua recondução ao cargo. Ainda que ela tente se desvincular do rótulo de articuladora, os fatos demonstram que essa característica parece estar entranhada em sua trajetória.

A trajetória, aliás, é o que mantém o nome de Kátia Abreu sempre sob os refletores. Nenhum outro político tocantinense teve espaço tão expressivo em governos federais, chegando a comandar um dos ministérios mais estratégicos do país, a Agricultura, durante o governo Dilma. Mesmo distante, sua biografia e rede de relações fazem com que os holofotes políticos nunca lhe deem descanso.

O futuro pode reservar novos capítulos de articulação em nível estadual. Em 2026, duas campanhas dentro da própria família devem ganhar espaço: a reeleição do filho, o senador Irajá Abreu e uma possível candidatura do outro filho, Iratã Abreu, a deputado federal. Nesse contexto, a habilidade política da ex-senadora tende a ser testada novamente. Se a política estadual insistir em chamar, Kátia talvez precise sair do campo reservado das redes sociais e voltar ao jogo, isso, claro, se algum dia de fato tivesse saído.