A “União Progressista”, superfederação entre União Brasil e PP, nasceu grande, mas, por enquanto, só no campo das previsões e nada de homologação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Anunciada como o bloco mais robusto do país, com as maiores bancadas no Congresso e mais de 1,3 mil prefeituras, a aliança ainda não tomou corpo perante a justiça eleitoral e já exibe rachaduras profundas, tanto em Brasília quanto nos estados.

Neste mês de outubro, no plano nacional, o casamento entre os dois partidos virou ringue entre o governador Ronaldo Caiado (União-GO) e o senador Ciro Nogueira (PP-PI). O goiano, que se projeta como candidato à Presidência em 2026, acusou Ciro de “subserviência” a Jair Bolsonaro e de tentar empurrar uma candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP). O ex-ministro respondeu com ironia, dizendo que “ninguém vira líder gritando” e aproveitou para elogiar Tarcísio, o que soou como mais um tapa com luva de pelica.

No Tocantins, a história se repete em versão local. A senadora Dorinha Seabra (União Brasil), pré-candidata ao governo em 2026, toca seu projeto político sem o PP, e, até aqui, sem a menor intenção de incluí-lo. Do outro lado, o deputado federal Vicentinho Júnior (PP), presidente estadual do partido, já montou acampamento no grupo do governador interino Laurez Moreira (PSD).

O distanciamento é explícito. Em agosto, quando lançou sua pré-candidatura ao Senado, Vicentinho sequer teria convidado Dorinha para o evento. Laurez, ainda vice à época, estava lá, ao lado do deputado. Agora, no comando interino do Palácio Araguaia, o governador e o progressista conversam em uma espécie de agenda conjunta e discursos alinhados.

Enquanto isso, a federação segue parada na fila do TSE. E, segundo um dirigente ouvido reservadamente, o clima interno é de incerteza. “Não alinharam com os estados e agora nem foi homologada ainda. Caminha para um momento de definição: ou anda, ou dissolve de vez”, comentou.

O Tocantins, portanto, reflete o mesmo diagnóstico que se vê em Brasília: a “União Progressista” tem demonstrado ser uma federação de interesses, não de propósitos. Caiado e Ciro, Dorinha e Vicentinho, todos tentam ser protagonistas num roteiro que ainda nem teve o primeiro ato oficializado. Se o projeto não vingar, não será por falta de estrutura, mas por excesso de caciques. Porque, no fim, o que parecia uma superfederação nasce com a cara de uma superdisputa.