Em 9 de maio, durante a inauguração da revitalização da Agrotins, Vicentinho Júnior (PP) puxou o freio nas especulações e fez questão de bancar a amizade com Carlos Gaguim (UB). “Nós dois iremos tudo, menos brigar”, disse. À época, a declaração soou como blindagem contra rumores de racha.

Quase quatro meses depois, a mesma retórica reaparece, mas em outro endereço e em outra direção. Desta vez, o alvo do afago é Alexandre Guimarães (MDB), também deputado federal e cotado pelo Palácio Araguaia como potencial candidato ao Senado. “Estão perdendo tempo querendo instigar nós dois brigando, não permitirei Alexandre”, afirmou Vicentinho, na quarta-feira, 27, no próprio Palácio.

O curioso é que, em política, quando alguém insiste que não vai brigar, quase sempre é porque o conflito já está posto. O “não vamos brigar” pode ser lido como o prólogo de uma guerra fria. Com Gaguim, o que parecia ruído virou embate silencioso: o deputado do União Brasil não quis esperar pesquisa para medir quem tinha mais força e passou a usar todas as armas à disposição para se firmar na federação União Progressista (UB e PP). O movimento empurrou a balança para o lado dele, deixando Vicentinho em segundo plano e abrindo espaço até para Eduardo Gomes (PL) na composição.

Já com Alexandre, o tom é outro. O gesto desta quarta-feira soa mais como vacina: uma forma de desarmar rumores e preservar pontes no Palácio Araguaia, onde Guimarães é visto como carta na manga para a chapa governista.

No fundo, o padrão parece se repetir: toda vez que Vicentinho prega que não vai brigar, é sinal de que a briga já ronda o ambientem. “Não que ele procure isso o tempo todo, mesmo ele sendo bom de briga. A diferença é que com Gaguim ela se consolidou, muito mais por parte do deputado do União Brasil”, afirma um interlocutor, que vê a situação com Guimarães em um estágio de tentar impedir que um possível conflito vire realidade e os dois podem, até, ser da mesma chapa.