Em um corte de uma entrevista do deputado federal Vicentinho Júnior (PP), que viralizou nas redes sociais nesta quinta-feira, 13, caiu como mais um tijolo no muro já rachado da federação entre União Brasil e PP no Tocantins. O parlamentar, presidente estadual do PP e pré-candidato ao Senado, que compartilhou a publicação em suas redes, deixou claro que, entre a senadora Dorinha Seabra (União Brasil) e o governador interino Laurez Moreira (PSD), seu apoio para 2026 está fechado com Laurez, e não com a dirigente da sigla que deverá ser sua parceira de federação nacional.

A fala expõe, de forma nada discreta, o hiato que separa as duas legendas no estado justamente no momento em que Brasília tenta consolidar a “União Progressista”, superfederação entre União Brasil e PP que ainda aguarda homologação do TSE.

Vicentinho foi didático ao justificar sua preferência por Laurez. Disse que, para governar um estado em crise, é preciso experiência executiva, algo que, segundo ele, Dorinha não tem.

O deputado usou comparações simples, quase domésticas, para reforçar o argumento: “Você não entrega seu carro a quem nunca dirigiu. Não coloca sua saúde nas mãos de quem não tem experiência. Com o Tocantins, não pode ser diferente”, afirmou.

Ele sublinhou que Laurez acumulou cargos que vão de vereador a prefeito de Gurupi por dois mandatos, “muito bem avaliados”, além de deputado estadual e federal. Para Vicentinho, Laurez teria o perfil “abrandador” necessário para um momento de instabilidade.

Apesar das críticas, o deputado fez questão de reconhecer o trabalho de Dorinha no Congresso e na educação. Mas a mensagem ficou clara: para 2026, ele considera Laurez o nome mais apto.

Federação em Xeque

A fala de Vicentinho apenas reforça o roteiro que se repete em vários estados: rachas, desfiliações, diretórios conflagrados e disputas internas antes mesmo de a superfederação PP–União Brasil ser validada pelo TSE. No Paraná, Pedro Lupion deixou o PP rumo ao Republicanos, enquanto Felipe Francischini deve sair do União para o Podemos em meio à disputa envolvendo a pré-candidatura de Sergio Moro ao governo. No Rio de Janeiro, o União Brasil vive um jogo interno entre grupos que querem enfrentar Eduardo Paes e outros que negociam apoio ao prefeito, enquanto o PP ainda não definiu posição.

Em São Paulo, Milton Leite (União) e Maurício Neves (PP) travam queda de braço pelo comando estadual da futura federação. Na Paraíba, o racha passa pela possível saída de Mersinho Lucena (PP) e pela disputa entre projetos do União e do PP para 2026. No Acre, a convivência entre o senador Alan Rick (União) e o grupo do governador Gladson Cameli (PP) é considerada “insustentável”, com ameaça real de novas desfiliações.

Os conflitos ainda devem gerar mais desgate e no Tocantins já está abertamente claro que cada um segue sua lógica local. Vicentinho deixou isso evidente ao admitir que fala como deputado, pré-candidato ao Senado, e, sobretudo, eleitor.