Bastidores

Após as eleições municipais, o cenário para a escolha do próximo governador do Tocantins começa a ganhar forma

Com renovação de 62,5% das cadeiras, a eleição da Mesa Diretora da Câmara de Palmas promete definir alianças estratégicas para a governabilidade de Eduardo Siqueira Campos

Só um candidato do PT foi eleito em capital no segundo turno. O PL elegeu dois prefeitos. Mas quem venceu mesmo foi a centro-direita

Com a derrota de Janad Valcari (PL) para Eduardo Siqueira Campos (Podemos) no segundo turno, o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) não conseguiu eleger prefeitos nas cinco maiores cidades do Tocantins: Palmas, Araguaína, Gurupi, Porto Nacional e Paraíso do Tocantins. Em Palmas, a derrota foi especialmente sentida, já que o governador participou ativamente da campanha de Janad, ao lado de lideranças políticas influentes, como ex-governadores, e com o apoio quase que total da bancada federal e estadual do Tocantins.

As cidades de Araguaína, Paraíso e Porto Nacional reelegeram os prefeitos Wagner Rodrigues (UB), Celso Morais (MDB) e Ronivon Maciel (UB), todos com duas características em comum: a ausência de apoio do governador e a busca pela reeleição. Em Gurupi, a prefeita Josi Nunes (UB) também foi reeleita, contando com o apoio de Wanderlei Barbosa apenas na fase final da disputa.
Em Araguaína, Wagner Rodrigues conquistou 73.158 votos, somando 78,83% dos votos válidos. Com o apoio de partidos como União Brasil, Podemos, PL, MDB, Federação PSDB-Cidadania e PSD, Wagner teve o suporte de nomes como os senadores Dorinha (UB), Eduardo Gomes (PL) e Irajá Abreu (PSD), que substituíram o apoio do governador. Jorge Frederico (Republicanos), candidato apoiado pelo governador e pelo vice-governador Laurez Moreira (PDT), recebeu 20.184 votos, ou 21,62%, contando com aliados como Vicentinho Júnior (PP) e Ricardo Ayres (Republicanos).

Paraíso do Tocantins
Celso Morais garantiu a reeleição em Paraíso com 80,57% dos votos válidos, superando o ex-deputado federal Osires Damaso (Republicanos), que obteve 19,47%. Celso teve apoio de líderes como o ex-governador Marcelo Miranda (MDB), os senadores Dorinha Seabra e Eduardo Gomes, e deputados federais como Eli Borges (PL), Pedro Júnior (PL) e Carlos Gaguim (UB), mas não contou com o apoio do presidente do MDB, Alexandre Guimarães.
Porto Nacional
Em Porto Nacional, Ronivon Maciel (UB) foi reeleito com 65,25% dos votos, derrotando o deputado federal Toinho Andrade (Republicanos), que obteve 27,98%. Esta foi a primeira reeleição de um prefeito na cidade em 24 anos. Ronivon contou com o apoio de figuras influentes, incluindo os senadores Eduardo Gomes (PL) e Dorinha Seabra (UB), além dos deputados Ricardo Ayres (Republicanos) e Carlos Gaguim (UB).
Gurupi

Josi Nunes (UB) também saiu vitoriosa em Gurupi, com 55,47% dos votos (25.533 votos no total). Seu principal oponente, Eduardo Fortes (PSD), recebeu 17.655 votos, o equivalente a 38,35%. Apesar do apoio modesto de Wanderlei Barbosa, anunciado em setembro, Josi contou com a ajuda de senadores como Carlos Gaguim (UB), Eduardo Gomes (PL) e Dorinha Seabra (UB).
O Republicanos, partido de Wanderlei Barbosa, optou por apoiar Josi Nunes após a candidatura de Eduardo Fortes (PSD) ser alvo de controvérsias, inclusive por acusações de pressão sobre servidores para favorecer candidatos do Republicanos. Fortes também foi criticado quando sua noiva declarou apoio a uma candidata adversária do PDT.

Apesar da vitória no segundo turno, Eduardo Siqueira Campos precisará de fortes articulações políticas para garantir apoio na Câmara, onde a maioria dos vereadores eleitos está alinhada com sua adversária, Janad Valcari

No entanto, cabe aqui destacar que a direita segue viva e atuante

Primeiro embate expõe confrontos pessoais e políticas para saúde, transporte e educação, mas propostas ainda dividem eleitores

Dois debates decisivos e a movimentação de lideranças nacionais podem definir o segundo turno em Palmas.

O deputado Professor Júnior Geo (PSDB) foi o terceiro colocado nas eleições municipais de Palmas e, por ter entrado no pleito e ter tido a quantidade de votos que teve, haverá segundo turno pela primeira vez na capital, entre Janad Valcari (PL) e Eduardo Siqueira Campos (Podemos). A candidata do PL ficou em primeiro lugar na disputa com 39,22% dos votos (62.126) e Eduardo em segundo com 32,42% (51.344). Muito perto do segundo colocado, ficou Júnior Geo em terceiro, com 27,99% dos votos (44.326).
Nos bastidores, muitos questionaram o seu não posicionamento para essa segunda fase das eleições e, inclusive, disseram que ele não merecia o apoio da prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB), que teria sido responsável pelo grande volume de votos que levou: surpresa de muitas pesquisas que em nenhum momento cravaram tamanho percentual.
Qual outro nome a altura Cinthia teria para repassar a gestão, senão o do deputado Professor Júnior Geo? Além de ter ficado em segundo lugar na última eleição municipal, que concorreu com ela em 2020, era o possível nome que chegou nas mãos dela com o passado mais coerente ao cargo que há muito tempo tem sido tomado por sujas marcas de corrupção. Lideranças do PSDB?
O presidente da Câmara, José Lago Folha (PSDB), até já foi preso por suposta participação no rombo da Fundação Municipal de Esportes e Lazer (Fundesportes). Outros grandes nomes que ventilaram, nem a reeleição para vereador venceram. Amastha (PSB) não conseguiu se viabilizar candidato a prefeito sem o apoio de Cinthia, sendo que havia sido o prefeito, até então, mais votado de Palmas. Qual seria a chance, diante da insegurança trazida por supostos crimes de corrupção na gestão dele, que se reverberam até hoje na gestão de Cinthia?
Antes mesmo que Eduardo quisesse ser candidato, vários outros nomes muito mais ativos politicamente já haviam sido mencionados. Caso de Ricardo Ayres (Republicanos) e até Vanda Monteiro (UB), ambos com mandatos ativos. Eduardo nunca havia sido primeira opção como nome para a prefeitura de Palmas. Mas apesar disso, Cinthia demorou muito tempo para assumir que Geo seria candidato a seu sucessor. É verdade que a base dela não o apoiava? Sim, mas se houvesse outro nome, por que não despachou Geo? Fica demonstrado que não havia outro nome de peso.
Geo foi coerente com o que prega: não declarou apoio a quem o traiu. Eduardo Siqueira Campos, junto com o Podemos, fez uma corrida judicial para tirar o mandato de deputado do professor por ter saído do partido, para ser candidato, pois o Podemos queria viabilizar alguém fora da política há milianos, preterindo Geo. O terceiro colocado teve processo favorável na Justiça Eleitoral do Tocantins para mudar de partido sem perder o mandato, mas ainda há pedido de recurso do partido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Geo não declarou apoio a quem não o representa, pois, ele mesmo criticou Eduardo várias vezes sobre a falência do Instituto de Gestão Previdenciária (Igeprev) e a incapacidade de pagar as pensões e aposentadorias por má gestão e investimentos em fundos podres. Da mesma forma, Geo tem todo o direito de não apoiar Janad por não comungar de seu jeito de fazer política.
Geo foi preterido até nas pesquisas: muitas vezes, até análises consideradas sérias, o colocavam em quarto lugar, abaixo até de Amastha que já tinha saído da disputa e começado a buscar um cargo na Câmara. E o resultado foi que ele deu muito trabalho. Muito trabalho para Eduardo, que por muito pouco não foi para o segundo turno. Muito trabalho para a Janad, que cantava vitória no primeiro turno antes do tempo.
Se Cinthia e o PSDB foram tão fundamentais para que Geo tivesse os mais de 40 mil votos que levou, como dizem nos bastidores, qual a importância do posicionamento dele no segundo turno? Ela e o partido podem apoiar quem quiserem, que o candidato pode levar, então, considerando que foram eles quem deram todo esse apoio a ele.
Geo nunca será Ciro que foi para Paris e, talvez por conta disso, o Brasil caiu nas garras da extrema-direita: ele segue coerente, não coaduna com quem diz que não faria alianças. E não tem sangue de barata, apesar de ter sido acusado por muitas vezes de não ter carisma. Como uma pessoa sem carisma consegue reunir milhares de alunos, altas horas da noite, depois de um dia cansativo de trabalho em várias frentes, para estudar geografia do Tocantins?

Além do PSDB, PP e PCdoB também possuem lideranças políticas e vereadores de lados opostos