Pedro Moura

Por décadas, tanto o governo federal quanto as unidades da federação criaram e executaram formas para coibir a atuação de organizações como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), além de milícias. Nos últimos anos, o combate se intensificou com atuações policiais de maior potencial letal com a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), que uniu forças de segurança estaduais e federais em operações conjuntas.

Porém, mesmo com as ações e com as afirmações de políticos que ainda repetem o velho discurso que em alguns estados “não existe facção”, é fato incontestável que as organizações criminosas avançaram e se fortaleceram ainda mais do que os planos criados para coibi-las. Atualmente, todos os estados brasileiros contam com a atuação de ao menos uma das 72 facções criminosas apontadas em relatório divulgado em junho pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O número é 33,9% maior do que a quantidade apontada em 2023, ano em que foi publicado o penúltimo estudo do Fórum. Neste mesmo ano, a FICCO passou a atuar em larga escala em todo o país.

Entre as 26 unidades da federação e o Distrito Federal, o Rio Grande do Sul, Bahia e Pará se destacam como os estados com a maior quantidade de organizações criminosas, com 13, oito e sete, respectivamente.

O CV, inclusive, trava uma guerra sangrenta enquanto se expande no Rio de Janeiro, depois de décadas de perda de território para a milícia. O cenário de crescimento da criminalidade é um reflexo da fortificação do crime organizado, que sofre com as investidas da segurança pública, mas que, ao mesmo tempo, se recupera quase que instantaneamente. É como a Hidra dos contos mitológicos, que quando era lhe era cortada uma cabeça, outras duas duas nasciam no lugar.