O Congresso Nacional derrubou, na última quarta-feira, 8, a Medida Provisória (MP) que previa a taxação de casas de apostas (as bets) e fintechs, que são utilizadas pelo crime organizado para lavar dinheiro. Segundo o governo federal, a MP geraria cerca de R$ 17 bilhões em receita para os cofres da União.

Com a derrubada, o Congresso mostrou quais interesses eles representam. As bets, por exemplo, são responsáveis por tirar dinheiro dos trabalhadores e causam, mesmo que indiretamente, suicídios, brigas familiares e mais pobreza. A taxação dessas empresas, que foram regularizadas recentemente, seria uma forma de se devolver, mesmo que pouco a sociedade.

Enquanto isso, as fintechs, que são bancos digitais e outras instituições, são utilizadas por organizações criminosas com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) para lavar dinheiro. Por conta disso, seria necessário uma regulamentação maior de bancos do tipo e, também, uma taxação para que a concorrência bancária seja justa. Hoje, existem fintechs que valem mais que bancos tradicionais, e a taxação não é justa.

A ação do governo foi uma tentativa de resolver a discrepância tributária mas, infelizmente, não foi aprovada no Congresso.

A Câmara, presidida por Hugo Motta, mas comandada pelo Centrão, é um lugar onde o lobby reina e os interesses da população não entram. Os políticos nunca defenderam os interesses de seus eleitores, e sim os seus próprios. Um exemplo foi a demora para a aprovação da isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil. A medida, que sim é eleitoreira mas beneficia um número expressivo de brasileiros, só passou após uma costura de acordos entre o Centrão e a promessa de se votar uma anistia para os golpistas do 8 de janeiro incluindo o líder da tentativa de golpe, Jair Bolsonaro.

Não apenas hoje, mas historicamente, o povo brasileiro tem necessidades básicas que não são atendidas enquanto as instituições dormem violentamente. A pobreza, a desigualdade, a tributação no consumo, que afeta mais os pobres, são exemplos do que deve ser resolvido enquanto o Congresso pensa em aumentar seus próprios salários e bases eleitorais.