Para lidar com tarifas de Trump, apoiar exportadores é um acerto; retaliar, nem tanto

23 julho 2025 às 10h06

COMPARTILHAR
Com as tarifas de 50% anunciadas por Donald Trump aos exportadores brasileiros possivelmente entrando em vigor em 1º de agosto, governos estaduais e federal se movem para minimizar os danos.
Nesta terça-feira, 22, o ministro Fernando Haddad afirmou que Lula (PT) deve tomar conhecimento e apresentar o plano de contingência preparado pela Fazenda ainda nesta semana. Além de apoio às empresas afetadas, a Fazenda estuda retaliações aos americanos: suspensão de direitos de propriedade intelectual — como royalties audiovisuais, patentes de medicamentos e de sementes agrícolas — e a tributação das remessas de dividendos por multinacionais americanas instaladas no Brasil.
O suporte aos exportadores é fundamental neste momento de incerteza. É papel dos governos evitar perdas e defender o interesse de suas empresas. Entretanto, optar pelo confronto pode ser temerário. Em reportagem do Jornal Opção em que foram ouvidos ruralistas, industrialistas e economistas, o setor produtivo expressou seu desejo de forma unânime: “que os governos defendam os interesses brasileiros com diplomacia e deixem a rixa política em segundo plano”.
Não se trata de mostrar submissão à absurda e infundada confrontação comercial americana. A perda do Brasil como parceiro comercial preocupa os americanos: matéria desta segunda-feira, 21, da National Public Radio mostrou como o fornecimento brasileiro de 30% do café consumido nos Estados Unidos pode desmobilizar todo o setor no país. O país tem condições de negociar diplomaticamente com altivez. Mas é necessário ser pragmático: os EUA têm mais fôlego para retaliar as retaliações.
Neste sentido, parece ser um acerto a criação de linhas de crédito para a iniciativa privada enquanto durar a dúvida comercial. Parece ser um erro, entretanto, dificultar a conciliação impondo novos embargos. Embora tenha reforçado na sexta-feira 19, a intenção de tarifar horizontalmente os BRICS em 10%, existe sempre a possibilidade de que as taxas não se materializem (por uma razão, o Financial Times cunhou a expressão “TACO — Trump always chickens out”, que pode ser traduzida como “Trump sempre arrega”). Essa possibilidade fica menor se o presidente brasileiro tentar antagonizar o presidente americano politicamente.