Advogado de Thiago Barbosa teve contas bloqueadas por suspeita de fraude em sistema do Judiciário do Piauí

13 agosto 2025 às 15h31

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Atualizada às 17h10, de 13 de agosto de 2025
Endereços do advogado Lucas Cavalcante Lima em Palmas e em Brasília foram alvos de mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Civil do Piauí nesta quarta-feira, 13, como parte de uma operação que investiga fraudes no sistema eletrônico do Poder Judiciário (PJe).
Lucas é membro da defesa de Thiago Marcos Barbosa, sobrinho do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos). Ele tem inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil ativa no Distrito Federal (OAB-DF). Thiago foi preso em março deste ano, durante a Operação Sisamnes, que investiga o vazamento de informações sigilosas do Superior Tribunal de Justiça (STJ), sendo solto no dia 31 de julho. Lucas entrou na defesa de Thiago em meados de julho, junto com Beatriz Castro Cavalcante e Evellin Faquini, subsistindo o advogado Luiz Francisco.
A ação da Polícia Civil do Piauí é de âmbito nacional, com 13 mandados cumpridos também em Picos e Teresina (PI), São Luís e Timon (MA) e no Distrito Federal. Em Palmas, a operação é realizada com o apoio da Divisão Especializada de Repressão à Corrupção (Decor) do Tocantins. Segundo fontes informaram ao Jornal Opção Tocantins, na capital, a casa de Lucas precisou ser arrombada, pois ele não estava.
No total, na operação desta quarta, cinco veículos de luxo foram apreendidos em diferentes estados. Além disso, a Justiça determinou o bloqueio de até R$ 1 milhão das contas de pelo menos dez advogados investigados, valor que será usado para ressarcir as vítimas do esquema. Ao Jornal Opção Tocantins, a defesa de Lucas informou que o advogado “recebeu a medida com total surpresa, em seu endereço em Brasília, pois jamais agiu em desconformidade com a lei ou a ética em toda sua vida profissional, não tendo sido consultado ou instando em nenhum momento por qualquer autoridade do TJPI acerca dos fatos”.
A defesa acrescentou que aguarda o acesso aos autos para se inteirar dos fatos e que “externa sua convicção de que comprovará sua absoluta inocência, mesmo porque nunca praticou qualquer irregularidade junto ao TJPI”. Informou, ainda, que o advogado já se colocou à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários à comprovação de sua inocência. Confira a nota na íntegra ao final do texto.
Esquema
De acordo com o delegado Filipe Bonavides, da Força Estadual Integrada de Segurança Pública (Feisp), a operação é um desdobramento da Operação Usuário Zero, que já investigava fraudes em processos judiciais no Tribunal de Justiça do Piauí (TJPI).
O diretor de inteligência da PCPI, delegado Yan Brayner, explicou como funcionava o esquema. A fraude começou após um ex-servidor do TJPI identificar uma vulnerabilidade no sistema eletrônico, que permitia a inserção de minutas fraudulentas para serem assinadas por magistrados. “Após a identificação dessa falha, o servidor iniciou a comercialização desse tipo de serviço”, afirmou Brayner.
Documentos que o Jornal Opção Tocantins teve acesso mostram que o o esquema movimentou cerca de R$ 7 milhões. A investigação identificou um padrão de atuação do grupo: repetição da mesma tramitação processual, tipo de ação e advogados beneficiados pelas decisões. Embora a polícia não tenha informado o total de processos afetados, a maioria envolvia questões relacionadas a veículos, mas também havia casos de família e de concursos públicos. Em um dos casos, um investigado conseguiu, temporariamente, a anulação de questões de concurso para ingressar em cargo público.
O Tribunal de Justiça do Piauí informou que a vulnerabilidade no sistema foi corrigida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ainda em 2023, logo após ser identificada.
A operação segue em andamento, com a análise dos materiais apreendidos para eventual oferecimento de denúncia criminal ao Ministério Público do Piauí (Com informações do G1 Piauí).
Nota a defesa de Lucas Mendonça na íntegra
Em relação à decisão do TJPI concretizada na data de hoje (13.08.2025), o Advogado Lucas Mendonça, tem a esclarecer que recebeu a medida com total surpresa, em seu endereço em Brasília, pois jamais agiu em desconformidade com a lei ou a ética em toda sua vida profissional, não tendo sido consultado ou instando em nenhum momento por qualquer autoridade do TJPI acerca dos fatos.
Aguarda o acesso aos autos para se inteirar dos fatos e desde logo externa sua convicção de que comprovará sua absoluta inocência, mesmo porque nunca praticou qualquer irregularidade junto ao TJPI.
Já se colocou à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários à comprovação de sua inocência..
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