Agricultora familiar do Jalapão conquista 1º lugar no Inova Cerrado 2025 com produtos do bioma tocantinense

07 julho 2025 às 14h34

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Fátima Dias, agricultora familiar de quarta geração e agroextrativista do Jalapão, Tocantins, conquistou o primeiro lugar no módulo Ideação do Inova Cerrado 2025, iniciativa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que tem como objetivo estimular a bioeconomia local e a preservação do bioma. A produtora foi reconhecida com o prêmio ‘Granoloca do Cerrado’, pelo mix que reúne castanhas de baru e caju, chips de mandioca e buriti, além de gergelim, coco e banana-passa, conjunto de produtos que chamou a atenção do júri e destacou sua produção.
Sua relação com a produção de alimentos tem raízes na ancestralidade familiar, como ela mesma explica: “Tudo começou da minha ancestralidade, dos familiares que moram na região do Jalapão. A gente colhia no mato ou plantava, e transformava em comida”. Ingredientes como buriti, baru, jatobá, pequi e caju, antes restritos às panelas da família, hoje fazem parte do portfólio que inclui bombom de baru, apelidado de ‘Viagra brasileiro’, chips de frutas típicas do Cerrado, temperos, cúrcuma, açafrão-da-terra e óleo de buriti.
A convite do Sebrae, ela apresentou seus produtos no Inova Amazônia Summit 2025, maior evento de bioeconomia da região Norte, realizado em Macapá (AP). “Estive com investidores nacionais e internacionais nas rodadas de negócio. Vamos ver se a gente fecha negócio.”
“Sustentabilidade é vida”
A agroextrativista explica que sua prática envolve a retirada consciente dos frutos do Cerrado, preservando a biodiversidade local. “Olha, a sustentabilidade é vida. Eu falo que, nos sabores do Jalapão, nós temos o melhor sabor do Cerrado. Sou agroextrativista: retiro do mato, mas planto o mato. Eu preservo. Afinal, sem o Cerrado, eu não tenho baru, buriti, pequi. E sem eles, eu não tenho alimento de altíssima qualidade.”
Sobre o reconhecimento recebido, Fátima Dias comenta que o prêmio do Sebrae representa uma chancela de capacidade. “O Sebrae, ele chancela o sucesso. Ele não vai te dar um prêmio se você não tem aquela capacidade”, relata a agricultora. Para ela, o trabalho vai além da produção de alimentos e envolve a preservação de um modo de vida que respeita os ciclos da natureza, valorizando os frutos do bioma brasileiro e a tradição ancestral.