Anvisa apreende lotes falsificados de medicamentos contra o câncer após denúncia de hospital de Palmas
23 outubro 2025 às 08h05

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou, na terça-feira, 21, a apreensão de lotes falsificados dos medicamentos Keytruda e Avastin, utilizados no tratamento de pacientes com câncer. A investigação teve início após uma denúncia feita por um hospital de Palmas em junho deste ano.
Segundo a Anvisa, o hospital relatou irregularidades em frascos do lote SO48607 do imunoterápico Keytruda, como ausência de informações sobre lote e validade na nota fiscal, falhas no transporte, sem controle de temperatura, e diferenças visuais nas embalagens. O produto havia sido adquirido de uma distribuidora regularizada, mas o caso levantou suspeitas sobre a autenticidade do medicamento.
Após análise, a detentora do registro do Keytruda no Brasil, a MSD, afirmou não reconhecer o lote, apontando rótulo em inglês e selo de segurança falsificado com inscrições em árabe. O caso foi confirmado como falsificação e comunicado pela Anvisa à Organização Mundial da Saúde (OMS).
A partir dessa denúncia, a agência iniciou uma operação nacional para identificar a origem dos produtos. A ação, realizada em Fortaleza (CE), contou com apoio da Secretaria de Saúde do Ceará e da Agência de Fiscalização municipal, e resultou na cassação da licença da LAF MED Distribuidora de Medicamentos e Materiais Hospitalares, responsável pela distribuição dos lotes suspeitos.
Durante a operação, foram encontradas diversas caixas de medicamentos sem registro no Brasil, com rótulos em inglês e notas fiscais indicando comercialização irregular. Também foram localizados frascos do lote YO19148, denunciado posteriormente por um hospital de Vitória da Conquista (BA). Esse segundo caso ainda está sob investigação.
Além do Keytruda, a Anvisa também determinou a apreensão do lote H0386H05 do medicamento Avastin, utilizado no tratamento de câncer colorretal, de pulmão e de mama. A farmacêutica Roche, detentora do registro do remédio, identificou diferenças no sistema de rastreamento e na aparência do produto, confirmando tratar-se de uma falsificação.
A Anvisa alerta que a circulação de medicamentos falsificados representa risco grave à saúde pública, podendo comprometer o tratamento de pacientes e causar reações adversas. O órgão lembra ainda que a falsificação de medicamentos é considerada crime hediondo pelo Código Penal, com pena de 10 a 15 anos de prisão.
A LAF MED Distribuidora foi procurada, mas não respondeu aos contatos da imprensa.
