Quatro dias depois da morte do atleta Artur Guilherme Silva Martins, de 26 anos, durante a 1ª etapa do Circuito Estadual de Futevôlei, em Palmas, o episódio segue repercutindo no meio esportivo e entre profissionais de saúde. O caso mostrou os riscos cardíacos em jovens aparentemente saudáveis e a importância da avaliação médica antes da prática de atividades físicas de alta intensidade.

Para o cardiologista intervencionista do Medical Palmas, Bernardo Kremer, tragédias como essa evidenciam a necessidade de maior atenção aos cuidados preventivos, tanto por parte dos atletas quanto das organizações esportivas.

“Infelizmente, esses episódios não são raros. O mais comum em jovens atletas é a morte súbita por arritmias, que muitas vezes passam despercebidas em exames básicos ou não são investigadas porque a pessoa se considera saudável”, explica o médico.

Exames simples podem salvar vidas

Segundo o profissional, todo jovem que pretende iniciar atividade física regular, especialmente de alta intensidade, deveria passar por uma avaliação médica com anamnese, exame físico e um eletrocardiograma.

“Esses três passos já conseguem identificar boa parte das condições que predispõem a morte súbita. Em alguns casos, o histórico familiar de morte súbita ou sintomas como desmaios e palpitações intensas indicam a necessidade de investigação mais aprofundada com exames como ecocardiograma ou ressonância cardíaca”, orienta.

Anabolizantes e estimulantes aumentam o risco

O especialista também faz um alerta para o uso de substâncias como anabolizantes, energéticos e estimulantes, cada vez mais comuns entre frequentadores de academias e jovens atletas.

“Anabolizantes, além de aumentarem a pressão arterial e alterarem negativamente o colesterol, podem provocar hipertrofia do músculo cardíaco e arritmias graves, elevando significativamente o risco de infarto e morte súbita. Há estudos mostrando que usuários têm até três vezes mais chance de sofrer infarto”, alerta o médico.

Estrutura de emergência

Outro ponto ressaltado por Bernardo é a importância de equipamentos de emergência nos locais de competição, independentemente do porte do evento.

“A presença de um desfibrilador externo automático (DEA) pode fazer a diferença entre a vida e a morte. Quanto mais rápido o choque for aplicado em uma parada cardíaca por arritmia, maiores as chances de reversão e de sobrevivência. É fundamental que organizadores de eventos esportivos estejam atentos a isso”, defende.

Cuidados diários para manter o coração saudável

O médico também reforça recomendações simples e acessíveis para jovens que desejam manter a saúde cardiovascular:

  • Alimentação equilibrada e sem excessos
  • Boa hidratação e sono adequado
  • Evitar álcool, cigarro e drogas
  • Evitar o uso de anabolizantes e estimulantes
  • Praticar atividade física regular, mas com moderação e acompanhamento médico
  • Monitorar peso, pressão arterial, colesterol e glicemia

“O jovem muitas vezes se sente invencível e acaba negligenciando os cuidados com a saúde. Mas o coração também precisa ser preservado desde cedo, e atitudes simples podem prevenir situações graves e irreversíveis”, finaliza o cardiologista.

Relembre o caso

No domingo, 22, o atleta potiguar Artur Guilherme passou mal durante uma partida de futevôlei em Palmas e caiu desacordado em quadra. Ele teria apresentado sinais de parada cardíaca. Apesar da tentativa de reanimação e da presença de um socorrista no local, o atleta não resistiu e teve a morte confirmada. O tempo de chegada da ambulância e os protocolos adotados no evento ainda são alvo de questionamento.