O futuro do governador afastado do Tocantins, Wanderlei Barbosa, está nas mãos de um magistrado com longa trajetória acadêmica e marcado por decisões de forte impacto político e social. O ministro Edson Fachin, que acaba de ser eleito presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) para o biênio 2025-2027, deve analisar o pedido de habeas corpus do governador afastado por 180 dias no âmbito da Operação Fames-19.

Nascido em Rondinha (RS), em 1958, Fachin construiu carreira na área acadêmica antes de chegar ao Supremo. É graduado em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde se tornou professor titular de Direito Civil. Fez mestrado e doutorado na PUC-SP e completou pós-doutorado no Canadá. Antes de assumir a toga, atuou como advogado e consultor em Direito Civil e Internacional, além de participar de comissões jurídicas de relevância nacional.

Indicado em 2015 pela então presidente Dilma Rousseff, Fachin chegou ao STF como um magistrado de perfil técnico. Desde então, consolidou-se como figura central em julgamentos de repercussão nacional, assumindo, em 2017, a relatoria da Operação Lava Jato após a morte de Teori Zavascki. Sua atuação firme em casos de corrupção projetou seu nome para além do meio jurídico.

Pautas de impacto social

Além do combate à corrupção, Fachin se destacou em outras frentes. Foi protagonista no julgamento do marco temporal das terras indígenas, votando contra a tese que restringiria demarcações. Também relatou o processo que proibiu a revista íntima vexatória em presídios, medida vista como avanço em termos de direitos humanos.

Outro tema sensível sob sua relatoria é a chamada “uberização” do trabalho, que discute se motoristas de aplicativos têm vínculo empregatício com as plataformas digitais. O desfecho dessa ação terá repercussão direta para milhares de trabalhadores e empresas no país.

Colegas descrevem Fachin como um ministro de rigor técnico, mas atento ao impacto coletivo de suas decisões. Sua postura combina firmeza na interpretação da lei com abertura ao diálogo. Ao assumir a presidência do STF, afirmou que pretende valorizar a colegialidade e a pluralidade no tribunal.

À frente da análise do pedido de Wanderlei Barbosa, Fachin deve manter o perfil que marcou sua atuação no Supremo: decisões fundamentadas, preocupação com a repercussão institucional e atenção à legalidade. Para aliados do governador afastado, sua trajetória como relator de processos complexos indica que a avaliação será técnica, sem espaço para pressões políticas.