Defesa volta a pedir liberdade de Karol Digital, influencer tocantinense acusada de chefiar esquema que movimentou R$ 217 milhões

14 outubro 2025 às 17h49

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A defesa de Maria Karollyny Campos Ferreira, influenciadora conhecida como Karol Digital, presa preventivamente desde agosto de 2025, protocolou nesta segunda-feira, 13, um pedido de relaxamento da prisão junto à 1ª Vara Criminal da Comarca de Araguaína. O pedido, que o Jornal Opção Tocantins teve acesso, foi assinado pelo advogado Leandro Nardy, o terceiro a atuar no caso. Ele argumenta que a manutenção da custódia se tornou desnecessária após o recebimento da denúncia pelo Ministério Público, no último dia 30 de setembro.
A defesa já havia solicitado liberdade durante a audiência de custódia, mas o pedido foi negado. A decisão foi recorrida em segunda instância, que também manteve a prisão
Karol, sua mãe, Maria Luzia Campos de Miranda, o namorado Dhemerson Rezende Costa e o empresário Cristiano Arruda da Silva respondem a acusações de exploração de jogos de azar, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Segundo o Ministério Público, Karol Digital liderou um esquema que movimentou mais de R$ 217 milhões entre 2019 e 2025. A investigação apontou que a influenciadora promovia jogos como o “Tigrinho”, simulando ganhos nas redes sociais para atrair seguidores e receber comissões de até 20% sobre as perdas dos jogadores.
Somente em contas pessoais, Karol Digital teria recebido mais de R$ 37 milhões, além de valores transferidos de sua empresa Karol Digital Ltda., resultando em movimentações incompatíveis com rendimentos lícitos. O Ministério Público solicita o confisco de R$ 69,3 milhões, considerados integralmente ilícitos. O patrimônio do grupo inclui veículos de luxo, como Porsche 911 Carrera (R$ 979 mil), RAM 3500 (R$ 475 mil) e McLaren Artura (R$ 3,1 milhões), além de sete imóveis em Araguaína e Babaçulândia e uma fazenda em Palmeirante avaliada em R$ 8 milhões, com criação de gado e cavalos de raça.
Karol Digital e Dhemerson foram presos em 22 de agosto durante a Operação Fraus, conduzida pela Polícia Civil em parceria com o Ministério da Justiça. Karol permanece na Unidade Penal Feminina de Ananás e Dhemerson na unidade prisional de Araguaína. A defesa nega qualquer envolvimento em atividades ilícitas e afirma que a prisão é desumana, citando o estado de saúde da influenciadora e a necessidade de cuidados com a filha de seis anos.
No pedido de relaxamento, a defesa alega que a prisão foi decretada apenas ao final de uma investigação que se prolongou por mais de dois anos, sem que houvesse necessidade de custódia para garantir diligências. Além disso, segundo a defens, a denúncia só foi apresentada pelo Ministério Público 48 dias após a prisão, muito além do prazo legal de cinco dias para réus presos, configurando, segundo os advogados, constrangimento ilegal.
O documento também critica a fundamentação genérica da prisão, baseada em termos como “gravidade dos fatos” e “estrutura criminosa complexa”, sem atualização sobre a situação atual da acusada. Com a denúncia recebida e a instrução processual ainda não iniciada, a defesa sustenta que não há risco de embaraço às diligências, esgotando-se assim a finalidade cautelar da prisão preventiva.
Como alternativa, a defesa solicita a substituição da prisão por medidas cautelares menos gravosas, como comparecimento periódico em juízo, proibição de sair da comarca ou de manter contato com outros denunciados, destacando que Maria Karollyny possui residência fixa, emprego e laços familiares sólidos.
O pedido aguarda decisão do Judiciário para determinar o relaxamento ou a substituição da prisão preventiva. O processo seguirá para a fase de apresentação de defesa e instrução, quando serão produzidas provas e ouvidas testemunhas, definindo os próximos passos da ação penal.