Entidades denunciam agressões a jornalistas durante ação da Polícia Legislativa na Câmara
10 dezembro 2025 às 07h59

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A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) repudiaram, na noite desta terça-feira, 9, as agressões sofridas por profissionais de imprensa durante uma ação da Polícia Legislativa no plenário da Câmara dos Deputados. As entidades também criticaram o corte do sinal da TV Câmara no momento do episódio.
As imagens registradas mostram policiais legislativos empurrando jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas enquanto buscavam abrir espaço para retirar o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que havia ocupado a cadeira da presidência da mesa diretora. Homens e mulheres foram empurrados de forma brusca após recusarem ordem para recuar.
Segundo Fenaj e SJPDF, a retirada dos profissionais foi realizada por orientação do presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB). Em nota, as entidades afirmam que o trabalho da imprensa foi impedido e classificam a interrupção da transmissão da TV Câmara como uma forma de censura.
À CNN Brasil, Motta confirmou que determinou a atuação da Polícia Legislativa. Ele classificou a ocupação da cadeira por Braga como “atípica” e “esdrúxula” e afirmou ter solicitado também a apuração de “possíveis excessos” cometidos durante a operação. Em publicação na plataforma X, declarou que a democracia deve ser protegida “do gesto autoritário e da intimidação travestida de ato político”.
A Polícia Legislativa ainda não se manifestou sobre o episódio.
O tumulto teve início após Motta anunciar a votação do processo de cassação de Glauber Braga. O deputado também contestou a tramitação de um projeto que reduz penas de Jair Bolsonaro e de acusados pelos atos de 8 de janeiro. Braga afirma ser alvo de perseguição por denúncias feitas ao chamado orçamento secreto e a atos do ex-presidente da Câmara Arthur Lira.
Na avaliação da Fenaj e do SJPDF, as agressões representam um ataque ao trabalho jornalístico e ao direito da população à informação. As entidades cobram responsabilização dos envolvidos e afirmam que o episódio remete a práticas autoritárias que “não podem ser naturalizadas”.
