Exportações brasileiras ganham espaço na China e na América Latina após aumento de tarifas dos EUA

28 setembro 2025 às 15h38

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O Brasil ampliou suas vendas externas para a China e para países da América Latina em agosto, compensando parcialmente os efeitos da tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. O crescimento ocorreu principalmente nos embarques de soja, milho, carnes e minério de ferro, segundo dados oficiais divulgados neste domingo, 28.
Os Estados Unidos absorvem cerca de 12% das exportações do país. A nova política americana gerou impacto inicial de 0,2% no PIB brasileiro, número considerado moderado devido à diversidade de mercados atendidos. Mesmo assim, especialistas alertam que a continuidade das tarifas pode afetar setores industriais com menor capacidade de redirecionar suas vendas.
A maior dificuldade se concentrou no segmento de mel, que destinava 80% da produção ao mercado norte-americano e agora enfrenta queda brusca na demanda. Máquinas e equipamentos — produtos de maior valor agregado — também sentiram o efeito imediato, com retração de 10% nas exportações em agosto.
Em contrapartida, as vendas para China e América Latina subiram 4%, com destaque para soja e milho, cujas exportações aumentaram mais de 10%. O setor de carnes reduziu em quase metade os embarques para os Estados Unidos, mas ampliou significativamente o faturamento em outros mercados, alcançando US$ 1,5 bilhão no mês.
Já a indústria madeireira perdeu cerca de 4 mil postos de trabalho em um universo de 180 mil empregos formais, e a calçadista registrou queda de 17% nas exportações para o mercado americano, mantendo parte da produção voltada ao consumo interno.
Pacote emergencial e diálogo diplomático
Para reduzir os impactos do tarifaço, o governo federal lançou o programa Brasil Soberano. O pacote prevê linhas de crédito subsidiado, diferimento de tributos e redução de impostos para exportadores atingidos diretamente. A estratégia busca aliviar as perdas no curto prazo enquanto as negociações internacionais avançam.
Na esfera diplomática, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve uma conversa informal com o presidente norte-americano Donald Trump durante a Assembleia-Geral da ONU em Nova York, no dia 23 de setembro. O encontro abriu a possibilidade de diálogo mais amplo, mas ainda não há confirmação de reunião bilateral oficial.
Enquanto isso, empresários acompanham de perto o desdobramento das negociações e cobram avanços concretos. Exportadores de commodities destacam que a diversificação de mercados deve ser prioridade para manter o ritmo atual em meio à instabilidade global e à concorrência de outros fornecedores.