Já estão em andamento, na cidade de Natividade (TO), as gravações do longa-metragem Um Certo João Silvino. Dirigido por Hélio Brito, o filme traz à tona um episódio real da ditadura militar: a prisão e morte de um jovem militante político em 1971, que foi enterrado como indigente e só teve sua identidade revelada duas décadas depois.

A produção mistura ficção e documentário para reconstituir os últimos dias de Ruy Carlos Vieira Berbert, estudante da USP perseguido pelo regime militar. Ao chegar a Natividade, ele se apresentou como João Silvino Lopes. Pouco tempo depois, foi preso e apareceu morto em sua cela, levantando suspeitas nunca esclarecidas. A verdade só veio à tona em 1992.

O filme pretende mostrar não apenas os fatos, mas os impactos da repressão nas pequenas cidades do interior do Brasil. Com roteiro e direção de Hélio Brito, a obra busca recuperar memórias, dar nome às vítimas e provocar reflexões sobre os efeitos da ditadura.

Além de Natividade, o filme também tem cenas gravadas em Goiânia, São Paulo e cidades do interior goiano. A equipe aposta no formato docudrama, que une narrativa ficcional a elementos documentais ,para reconstruir com sensibilidade os acontecimentos de 1971.

O elenco é liderado por Felipe Trindade, que interpreta o jovem militante. “Dar voz a uma história como essa é uma responsabilidade enorme. É sobre uma geração que foi silenciada”, afirma. A preparação do elenco teve apoio do renomado preparador argentino Eduardo Milewicz, com coordenação da atriz Cleuda Milhomem.

A produção também conta com a participação da comunidade local e com o apoio da Lei Paulo Gustavo, através da Secretaria Estadual de Cultura e do Ministério da Cultura. A estreia está prevista para 2025.