Gaeco denuncia 17 pessoas ligadas à facção Amigos do Estado por tráfico e lavagem de R$ 64 milhões

31 julho 2025 às 17h12

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Uma denúncia apresentada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Tocantins (MPTO), resultou no indiciamento de 17 pessoas por envolvimento com a facção criminosa Amigos do Estado (ADE). A peça foi protocolada no dia 14 de julho e aceita pela Justiça no dia 23, incluindo acusações de organização criminosa, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, financiamento ao tráfico e falsificação de documento público. O processo tramita na Vara Criminal de Dianópolis.
A ADE, conforme descrito na denúncia, tem origem no Estado de Goiás e atua também no Tocantins, Bahia, Pará e outras unidades da federação. As investigações apontam que pistas de pouso situadas em duas fazendas, nos municípios de Formoso do Araguaia e Almas, eram utilizadas como parte de uma rota aérea para o transporte de entorpecentes.
“Embora sua atuação seja na região metropolitana de Goiânia, a organização possui capilaridade em diversos estados brasileiros e passou a utilizar o Tocantins como um ponto logístico intermediário para se distanciar das forças policiais goianas. Essa estratégia se insere na ‘Rota Caipira’, um importante corredor aéreo para o transporte de cocaína que abrange o interior paulista, o Triângulo Mineiro e o sul goiano, figurando também o Estado do Tocantins nesse fluxo”, detalha a denúncia apresentada pelo Gaeco/MPTO.
Durante as investigações, conduzidas pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Tocantins (FICCO/TO), também foram identificadas quatro empresas de fachada utilizadas no esquema. Juntas, essas empresas movimentaram aproximadamente R$ 64 milhões em um período de seis meses.
A atuação dos denunciados foi identificada entre dezembro de 2023 e maio de 2025. Os envolvidos têm domicílio nas cidades de Aparecida de Goiânia (GO), Goianira (GO), Goiânia (GO), Imperatriz (MA) e Xinguara (PA). Nenhum dos acusados reside no Tocantins.
Início das investigações
As investigações foram iniciadas em 10 de abril de 2024, após um homem desobedecer à ordem de parada durante uma fiscalização da Polícia Militar na divisa entre o Tocantins e a Bahia. O condutor, que dirigia uma Toyota Hilux, foi perseguido, detido e posteriormente identificado como foragido da Justiça, com mandado de prisão expedido pela 3ª Vara de Execuções Penais de Goiânia.
No veículo, os policiais encontraram um reboque transportando aproximadamente mil litros de querosene de aviação sem nota fiscal, além de itens de alto valor como um drone, aparelhos celulares, óculos e relógios, todos lacrados. O combustível havia sido comprado por R$ 14,2 mil na cidade de Luís Eduardo Magalhães (BA).
O passageiro da camionete, que afirmou trabalhar como vaqueiro e ter renda mensal de R$ 4 mil, também foi detido. O veículo estava registrado em seu nome.
A denúncia apresentada pelo Gaeco/MPTO abrange os crimes de organização criminosa, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, financiamento ao tráfico e falsificação de documento público, entre outras infrações penais.