Gestão anterior deixou dívidas de R$ 35 milhões no transporte público de Palmas, diz relatório

25 fevereiro 2025 às 17h04

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O Relatório de Transição de Governo da Prefeitura de Palmas revela que a gestão de Eduardo Siqueira Campos (Podemos) assumiu uma situação financeira desfavorável. As supostas dívidas deixadas pela da gestão da ex-prefeita, Cinthia Ribeiro (PSDB) em todas as áreas somariam R$ 300 milhões, segundo a atual gestão, que cortou uma série de gastos públicos, ocasionando, inclusive, o cancelamento da programação de carnaval e do “Capital da Fé”.
Na Agência de Transporte Coletivo de Palmas (ATCP), a nova gestão se deparou com um passivo de mais de R$ 35 milhões deixado pela administração anterior, conforme consta no documento encaminhado à Quarta Relatoria do Tribunal de Contas do Estado do Tocantins (TCE-TO) e ao qual o Jornal Opção Tocantins teve acesso.
Consta nos documentos que esses valores estão distribuídos entre credenciamento de locação de ônibus, abastecimento de frota, fornecimento de peças e acessórios, gerenciamento de manutenção de mão de obra, entre outros. Ainda que o novo governo tenha conseguido recuperar cerca de 35 ônibus parados, a frota de Palmas ainda apresenta dificuldades operacionais, o que tem afetado a mobilidade da população, que enfrenta transtornos diários devido às condições do serviço de transporte coletivo.
Com o agravante do período chuvoso, palmenses passam por dificuldades para se locomover por meio de transporte público. A moradora do setor Jardim Taquari, Ana Paula Sales, trabalha no centro de Palmas e relata a dificuldade que tem enfrentado com o transporte. “Está muito dificultoso, porque não está tendo ônibus, e os que tem ainda quebram na estrada”. Ela conta ainda que nesta segunda-feira, 24, não conseguiu entrar no ônibus devido a superlotação, que não parou no ponto. “Ontem eu não vim de ônibus porque o que eu ia pegar não tinha, que era o de 5h30, e ele passou 5h50, mas já passou cheio de gente e nós ficamos para trás”, conta.
Além dos impactos financeiros, a nova gestão enfrentou desafios igualmente críticos na operação do transporte coletivo. O sistema de transporte tem gerado transtornos para a população de Palmas, que sofre com constantes atrasos e ônibus quebrados durante os trajetos. De acordo com o relatório, a frota de ônibus do município, composta por 249 veículos, apresenta sérias falhas, com uma grande parte parada devido à falta de peças, problemas mecânicos e dificuldades de manutenção.
De acordo com o relatório, a falta de manutenção preventiva e corretiva também contribuiu para o cenário caótico, com veículos circulando com óleo de motor vencido e pneus em péssimas condições, entre outros problemas que dificultam ainda mais o funcionamento regular do transporte público. A recuperação dos veículos com motores fundidos, que demandam peças e mão de obra especializada, tem exigido grandes investimentos.
Embora a nova administração tenha iniciado um trabalho de recuperação da frota, com mais de 30 ônibus retornando à operação após reparos, a situação ainda gera desgastes. De acordo com o documento, a escassez de profissionais especializados e a falta de ferramentas adequadas impossibilitaram a execução de diversos serviços, como manutenção de caixas de marcha, ar-condicionado e soldagem. Um outro problema apontado no relatório é na garagem central onde os veículos são armazenados, que também exige reformas e aquisição de novos equipamentos, como revisão de bombas de abastecimento de óleo diesel e compressores de ar.
Para contornar a situação, a atual gestão autorizou a concessão do transporte coletivo da capital por meio de licitação, com contrato de 20 anos renováveis. A medida busca delegar à iniciativa privada a gestão de cerca de 180 ônibus para atender 323 mil habitantes.
A concessão anterior expirou em novembro de 2022, e a prefeitura assumiu a operação direta, mas a gestão pública não obteve os resultados esperados, enfrentando problemas como redução da oferta e baixa qualidade do serviço. Diante das dificuldades, a nova concessão pretende atrair investimentos privados para melhorar a operação. O processo licitatório está em fase inicial.
O Jornal Opção Tocantins solicitou um retorno sobre o caso à ex-prefeita Cinthia Ribeiro e aguarda um retorno.