Enquanto o cenário político de Palmas fervilha com o afastamento do prefeito Eduardo Siqueira Campos (Podemos) e a ascensão do vice Carlos Velozo (Agir), quem realmente ganha terreno nos gabinetes e nas nomeações estratégicas não é um ator qualquer, é o Grupo Monte Sião. Muito longe de ser discreto, esse conglomerado agropecuário sediado em Porto Nacional impõe sua presença no tabuleiro político estadual com força, ambição e articulação refinada.

O Monte Sião não é apenas referência em genética bovina e equina; é um verdadeiro império rural moderno que, além da criação de gado para corte e leilões de elite, investe pesado em conexões políticas e alianças que extrapolam as porteiras. Sua influência se espalha rapidamente e já marca território no coração das decisões públicas.

À frente do grupo está a advogada Dalide Barbosa Alves Corrêa, uma figura conhecida e respeitada nos meios jurídicos de Brasília, onde acumulou cargos de peso, diretora jurídica da Caixa Econômica Federal, procuradora da ANAC, assessora de ministros do STF e diretora do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). Seu trânsito político é sólido, e sua chegada à política tocantinense é marcada por um patrimônio declarado de impressionantes R$ 88,5 milhões em 2022, quando foi primeira suplente ao Senado na chapa do ex-deputado João Campos (Republicanos-GO).

No contrato social da Agropecuária Monte Sião Ltda, além de Dalide, aparece a empresária Vilma Magalhães e Silva, sócia desde a fundação em 2022, mas quem realmente toca os bastidores do grupo é o empresário Leandro Luiz, apontado como braço forte da organização.

O Grupo Monte Sião controla três marcas principais: Agropecuária Monte Sião, especializada em manejo avançado de pastagem irrigada e criação de bovinos; Genética Monte Sião, que possui um banco de mais de 600 doadoras puras e está prestes a inaugurar um laboratório de embriões; e Monte Sião Haras, referência nacional em equinos de linhagem superior e leilões milionários.

Com animais avaliados em mais de R$ 20 milhões e tecnologia que mantém o pasto verde o ano todo, o grupo já foi destaque na mídia nacional. Recentemente, movimentou mais de R$ 10 milhões na compra de cavalos campeões mundiais em Goiás. Além do agro, a holding atua em seguros com a marca 10x Global e no mercado de vestuário e produtos personalizados pela Monte Sião Store, ampliando seu alcance econômico.

Mas o que faz do Monte Sião um protagonista político são suas alianças estratégicas. O grupo mantém laços estreitos com o pastor Amarildo Martins, presidente da CONEMAD-TO/MA, entidade que congrega mais de 10 mil pastores e é uma das principais forças evangélicas do Estado. Amarildo é pai do deputado federal Filipe Martins (PL), figura influente que frequenta leilões e eventos do grupo.

Essa conexão com o segmento evangélico e a bancada ruralista abriu portas decisivas em Brasília e no Tocantins. Na recente crise da Prefeitura de Palmas, o Monte Sião estampou sua marca nas nomeações da gestão interina de Carlos Velozo: a Procuradoria-Geral ficou com Priscila Alencar Veríssimo, advogada e sócia de Dalide; a Secretaria da Habitação, com Jandir Vasconcelos, ligado a Filipe Martins; e a Secretaria de Representação em Brasília, com Fábio Bernardino, vice-presidente nacional do Agir e aliado de Dalide. Isso mostra que o grupo não apenas influencia, mas ocupa diretamente o comando da máquina pública da capital.

Embora evite holofotes midiáticos, o Monte Sião constrói uma base sólida para crescer no cenário político. Dalide, que tentou a estreia eleitoral em 2022, agora trabalha nos bastidores fortalecendo sua rede jurídica, econômica e religiosa. Já há quem aponte seu nome para o Senado ou para a suplência em chapa majoritária em 2026.

Com recursos financeiros robustos, alianças poderosas e apoio evangélico, o Grupo Monte Sião é hoje uma força que não se limita ao campo, é um ator que domina espaços políticos, atua com método e não esconde suas ambições.