Hospitais mantêm decisão de suspender atendimentos eletivos do Servir e SUS mesmo após retorno de Wanderlei ao governo
08 dezembro 2025 às 15h52

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O Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Tocantins (SINDESTO) confirmou que irá manter a suspensão dos atendimentos eletivos do Servir e do SUS conveniado a partir do dia 9 de dezembro, caso o Governo do Estado não regularize os pagamentos atrasados — mesmo após o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) reassumir o cargo na última sexta-feira, 5.
A decisão, segundo representantes do setor, permanece porque a situação financeira não sofreu qualquer alteração com a mudança política. Interlocutores da rede privada ouvidos pelo Jornal Opção Tocantins afirmam que, até o momento, não houve sinalização de que os repasses serão retomados, nem apresentação de cronograma para quitar as competências em aberto. “Nada mudou. A dívida continua e a previsão de suspensão também”, relatou uma fonte.
Na carta aberta divulgada nesta quarta-feira, 3, o SINDESTO informou que as unidades ainda não receberam a competência de junho de 2025 do Servir e que há valores referentes a 2024 do convênio SUS que seguem pendentes. O sindicato afirma que diversos ofícios já foram enviados ao governo, sem retorno efetivo.
O setor relata um cenário considerado insustentável: salários, insumos e fornecedores estariam comprometidos pela falta de repasse. Caso a suspensão ocorra, serão interrompidos todos os procedimentos eletivos nas unidades que aderirem ao movimento, impactando diretamente milhares de servidores estaduais — beneficiários do Servir — e pacientes do SUS atendidos em clínicas e hospitais conveniados.
Déficit de R$ 30 milhões e falta de cronograma
O problema se arrasta ao longo de 2025. Em outubro, o próprio governo admitiu que o Servir opera com um déficit mensal de cerca de R$ 30 milhões. À época, a Secretaria da Administração (Secad) informou que apenas a fatura de junho havia sido paga e que os demais repasses dependiam de previsão orçamentária.
Em novembro, após pressão dos prestadores e de servidores estaduais, a Secad comunicou que havia quitado as competências de maio e junho e iniciado o pagamento de julho. No entanto, não apresentou cronograma para agosto, setembro, outubro ou novembro — e os prestadores contestam que junho não foi, de fato, pago.
Clima de desconfiança entre usuários
A instabilidade na rede credenciada gerou uma onda de reclamações de servidores, que questionam a falta de transparência e pedem que o governo interrompa a cobrança em folha enquanto o plano opera de forma irregular.
Com a decisão de manter a suspensão dos atendimentos eletivos, o clima de incerteza se intensifica entre os beneficiários.
O que diz o governo
O Jornal Opção Tocantins questionou a Secad sobre: o valor total das pendências com o Servir e o SUS; a previsão de pagamento das competências em atraso; a divergência sobre o suposto pagamento de junho; as medidas para evitar a suspensão dos atendimentos; e se será divulgado um cronograma transparente de regularização. A reportagem aguarda resposta.
